Svetlana Boguinskaia fala sobre sua carreira, vida pessoal e preferências na ginástica

O texto desse post é uma tradução da colaboradora Marina Aleixo do vídeo abaixo, em que Svetlana Boguisnkaia foi entrevistada durante a Copa do Mundo de Ginástica em Cottbus.


Repórter: Olá Svetlana, muito obrigada pelo seu tempo, seja bem vinda a Cottbus.

Svetlana: Muito obrigada! Obrigada pelo convite para que eu viesse ter uma conversinha com você.

Repórter: Você chegou a competir aqui quando você era ginasta?

Svetlana: Eu competi aqui como ginasta. Eu me lembro que tinha mais ou menos 10 ou 11 anos, e tivemos uma competição amistosa aqui. Eu era júnior e me lembro que não tive uma boa experiência porque cai no exercício de solo e fiquei com um roxo no meu joelho, mas competi mesmo assim e fui muito bem. Tenho boas memórias de terminar bem, mas uma memória ruim de uma lesão. Quando voltei a competir nunca competi neste evento, que é a Copa do mundo. Mas é muito interessante ver tantas ginastas boas aqui, de todas as partes do mundo.

Repórter: Você acha que a ginástica mudou muito desde os tempos em que você competia?

Svetlana: Absolutamente sim! Primeiro de tudo, nos meus tempos você tinha que competir nos quatro aparelhos e tinha que ser uma ginasta completa. E hoje há ginastas que talvez não sejam fortes em todos os aparelhos, mas elas são especialistas em um evento em particular. E eu acho que isso dá a elas a oportunidade de viajar e mostrar o melhor que elas têm a oferecer em cada aparelho.

Repórter: Se você fosse uma ginasta nos dias de hoje, qual movimento você gostaria de realizar

Svetlana: Qual movimento ou qual aparelho?

Repórter: Humm, ambos!

Svetlana: Bem, eu diria que o meu movimento favorito seria saída da paralela de triplo mortal grupado. Eu fiz isso com uma júnior a muitos anos atrás, na Rússia, mas nunca mais o realizei. Acredito que tinha 13 ou 14 anos na época e naquele tempo você não precisava de tantas dificuldades, mas amaria fazer esse movimento nos dias de hoje. E hoje em dia as barras são bem mais distantes então eu teria mais velocidade e energia na preparação do elemento… Já em um aparelho, eu diria a trave de equilíbrio… Eu amava trave e amava competir sob pressão. Sempre amei estar num lugar onde 30 ou 40 mil pessoas estavam me assistindo e estar nesse pequeno aparelho. Eu sempre me sobressaí quando estava sob pressão, então a trave seria o meu aparelho preferido.

Repórter: Você sentia a pressão quando estava lá e todas as pessoas estavam te assistindo? Você percebia isso ou estava tão focada que nem via?

Svetlana: Como uma ginasta eu nunca notei as pessoas, quando estava no pódio estava na minha própria atmosfera, eu tentava cantar minha música preferida dentro de mim e focava exatamente no que eu tinha que fazer.

Repórter: E agora como uma técnica?

Svetlana: Como técnica é uma situação bem diferente. Eu fico bem mais nervosa porque não depende só de mim. Como ginasta eu sabia que iria lá e o fazia, porque tinha o controle. E como uma técnica você não tem controle nenhum porque tudo depende da atleta! E quando minha atleta comete algum erro eu fico machucada emocionalmente, pois penso que cometi algum erro. Por isso é uma experiência completamente diferente, então penso que é muito mais difícil ser uma treinadora do que uma atleta.

Repórter: Isso é bem interessante! (risos). Nós vemos que você está aqui agora como uma técnica do Uzbequistão, qual é exatamente seu papel? Você viaja para o Uzbequistão ou você fica nos Estados Unidos pela maioria do tempo?

Svetlana: Eu moro nos Estados Unidos e fui contratada no ano passado pelo Uzbequistão para ser não como uma técnica, mas como uma assistente para o time e técnica pessoal da Oksana Chusovitina. Então tenho um papel para ambos, um pouco para o time, e para Oksana. Entre este e o próximo ano eu estarei ajudando e gerenciando ela também.

Repórter: Então, você tem que ir a Uzbequistão para isso, ou ela virá para os Estados Unidos?
Svetlana: Nós iremos treinar em todas as partes do mundo, treinaremos um pouco na Alemanha, na maioria do tempo nos Estados Unidos e um pouco também no Uzbequistão, mas eu não vou até lá porque é bem longe e os ginásios de lá não são tão bem equipados. Na verdade, é até difícil de acreditar e explicar a situação e tipos de ginásio existem lá. Muito, muito velhos, o equipamento é antigo, eu realmente não sei como ela [Chusovitina] consegue treinar lá e ser tão boa quanto ela é atualmente. Então por isso iremos tentar treinar na Alemanha e nos Estados Unidos principalmente.
Repórter: Quando vocês treinam nos Estados Unidos, vocês têm um ginásio próprio?
Svetlana: Eu não sou dona de um ginásio, mas usamos o “Discover Gymnastics”, em Houston no Texas, onde há uma enorme estrutura e onde Oksana e eu somos sempre bem-vindas.
Repórter: Eu ouvi dizer que você faz muitas coisas, que tem uma pizzaria, tem uma linha de collants, como você maneja todas essas coisas?
Svetlana: Sabe, eu tive muita sorte na minha carreira como ginasta e acho que mais tarde na minha vida. Acho que ajudando muitas pessoas e fazendo um pouquinho de cada coisa. Então recentemente fui adicionada à empresa DreamLight, uma companhia de collants, e a Oksana estará usando um de seus collants nesta competição. Eles pediram para eu me tornar parte da companhia e criar meus próprios designs, fui muito agraciada e estou animada com isso – a linha está indo extremamente bem. A pizzaria sim, há 6 anos eu e meu marido investimos em uma pizzaria e nos tornamos proprietários, é uma experiência muito diferente estar na indústria de alimentos, eu sempre amei pizzas e agora sei muito a respeito de comida e a respeito de boas pizzas e nós servimos comidas deliciosas lá, então estou animada de fazer isso mas obviamente não faço isso eu mesma. Estou no restaurante quando posso estar e ajudo o máximo que posso quando estou na cidade. Porque viajo tanto, nós temos um time de empregados e temos todas as coisas funcionando independentemente. E, quando preciso comer um prato de graça, sei que sou sempre bem-vinda (risos).
Repórter: Tem mais alguma coisa que você gostaria de fazer, dentro da ginástica, ou fora? Algo que seja seu sonho!
Svetlana: Bem, viajar, eu diria. Sempre gostei de outros países, de visitar, aprender novas culturas, experimentar novas comidas. Meu sonho – e até estava falando isso para alguém no ônibus hoje – meu sonho é ir à Índia! Eu quero muito visitar a Índia um dia, e talvez levar minha família e mostrar para eles que nem todas as pessoas são tão afortunadas como nós somos. E ver como algumas pessoas vivem no mundo, um país de terceiro mundo, me informar e à minha família sobre como outras pessoas vivem em países diferentes.
Repórter: É algo importante, eu acho. Se você tivesse que escolher uma equipe de ginástica nos dias de hoje, quem você escolheria, e porque?
Svetlana: Eu escolheria a equipe dos Estados Unidos. Elas trabalham duro, muitas crianças, pagam para treinar ginástica – muito dinheiro – e trabalham muito duro! Qualquer coisa que você diz a elas, elas tentam fazer o melhor. Elas tem todas as oportunidades do mundo, acesso à educação, mas vêm ao ginásio e dão 100 ou 200% a cada dia. E eu fico maravilhada de ver, pessoas maravilhosas e crianças esforçadas. É o que tenho a dizer.
Repórter: Elas tem o time mais forte da atualidade. Você acha que alguém pode vencê-las?
Svetlana: Sim, definitivamente. Acho que a Rússia virá com um time forte, se todas as meninas se manterem longe de lesões, Mustafina, Komova, Afanasyeva, há muitas ginastas excelentes. Acho que a Romênia, Ponor e Izbasa estão voltando, estou animada para vê-las ajudar Iordache a trazer o time para o topo. Então espero que os Estados Unidos tenham competição em relação a outros países! Será muito mais emocionante assistir.
Repórter: Muito Obrigada!

Foto: Divulgação
Repórter: Tina Gerets, da agência MINKUSimages

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