O que podemos esperar da equipe feminina do Brasil em Tóquio?

Em 2007 o inesperado aconteceu. Mundial Pré-olímpico de Ginástica, todo mundo esperando que a equipe feminina se classificasse mas, de repente, surge uma equipe 5ª melhor do mundo! “É isso mesmo? Essas notas estão corretas? Elas conseguiram mesmo ser a 5ª melhor equipe do mundo?” Muita gente se perguntou…

Hoje, sem Oleg Ostapenko, a ginástica feminina do Brasil está de volta ao Mundial Pré-olímpico com uma missão e um desafio: a missão de classificar a equipe completa para os Jogos Olímpicos de Londres e o desafio de provar que nem só de interferências ucranianas vive a ginástica brasileira.

Das 7 ginastas que compõem a equipe esse ano, Jade, Daniele, Daiane e Ana Cláudia estiveram no último pré-olímpico. Bruna Leal, Adrian Gomes e Priscila Cobello tentam vaga para competir em uma Olimpíada pela primeira vez.

Chances reais

Como eu disse em um post anterior, chances reais significa o que realmente o Brasil pode fazer e conseguir, sem suposições, sem contar com os erros dos adversários. O que eu tenho certeza que vai acontecer.

Jade Barbosa

Jade estará na final do individual geral e na final de salto. A ginasta foi, no ano passado, 15ª colocada no individual geral e medalha de bronze no salto. Esse ano ela tem tudo para estar nessas finais de novo.

Daniele Hypólito

A ginasta vêm dando o melhor de si esse ano, treinando com muita vontade, colocando exercícios novos na série, foi campeã do Troféu Brasil e foi, inclusive, campeã brasileira pela décima vez. Ela pontuou 56.950 no individual geral do brasileiro, e isso colocaria Daniele em 8º lugar no individual geral do mundial do ano passado. Aponto Daniele como finalista mundial do individual geral esse ano.

Equipe completa

Assim como no masculino, o Brasil conseguirá classificar a equipe completa para a repescagem em Londres, em janeiro do ano que vem. Essa equipe, com certeza, estará entre as 16 melhores equipes do mundo esse ano. A volta de Daiane dos Santos, e possivelmente Ana Cláudia Silva, ajudará a colocar o Brasil entre as 16, fato que já foi real no ano passado, mesmo sem a presença das duas ginastas citadas.

Possibilidades

Tudo que pode acontecer com um Brasil limpo, sem falhas e com os “upgrades” esperados…Por favor leitores, leiam tudo com muita atenção. São suposições, possibilidades, e acima de tudo: a minha opinião.

Jade Barbosa

Jade poderia medalhar no salto novamente mas, para isso, teria que apresentar um salto mais forte, como a própria Georgette Vidor apontou. Vamos aos cálculos: de acordo com as notas de dificuldade das melhores saltadoras desse ano, temos:

> Alicia Sacramone: 6.3 + 5.8 / 2 : 6.050
> McKayla Maroney: 6.5 + 5.6 /2 : 6.050
> Oksana Chusovitina: 6.3 + 5.7 / 2: 6.000

Baseando minha opinião de acordo com o que assisti em competições durante esse ano, o salto que Jade apresenta com maior facilidade e, consequentemente, maior possibilidade de aumento do grau de dificuldade, é o Podkopayeva esticado. Ela saltou “sobrando” em Ghent e ela pode conseguir saltar o cheng no mundial. Então Jade teria a maior nota de dificuldade entre as melhores saltadoras:

> Jade Barbosa: 6.5 + 5.8 / 2 = 6.150

Lembrando que as outras saltadoras também podem apresentar melhorias na dificuldade dos saltos: Sacramone pode saltar a reversão com dupla pirueta (salto que levaria o nome dela); Maroney pode saltar o cheng e Oksana pode surpreender novamente (como em Pequim), saltando o tsukahara com dupla pirueta. Como eu já disse em outros posts: final é final, e tudo pode acontecer…

Mais uma possibilidade pra Jade Barbosa: top 10 no individual geral. Já no ano passado, sem a chegada baixa na saída da paralela e no tsukahara carpado no solo, Jade teria conseguido isso. Aumentando em um ponto sua nota final ela tiraria 56.665, e isso a colocaria em 9º lugar. Competindo sem erros e saltando cheng, Jade poderia ficar entre as 10 primeiras no individual geral esse ano sim! Cálculos: 13.650 nas barras (nota de Ghent) + 14.800 na trave (nota do brasileiro) + 14 no solo (nota do brasileiro) + 15.500 (a possível nota que tiraria com o cheng) = 57.950. Dá ou não dá pra ser top 10?

Daniele Hypólito

Atualmente, as séries de Daniele Hypólito são a maior polêmica entre os fãs brasileiros da ginástica artística feminina. Esse ano eu estive acompanhando o Flamengo de perto e eu vi Daniele Hypólito treinando o duplo esticado no solo, o yager e a oitava a parada com pirueta na paralela, sequências boas de trave (mortal pra frente + mortal pra trás, por exemplo) e a dupla pirueta no salto. Agora, se ela vai executar tudo isso no mundial ou não, eu já não posso afirmar. Vimos o duplo esticado no solo, mas os outros exercícios eu ainda não tenho notícias. O fato é que Daniele é apontada como a melhor ginasta brasileira da atualidade e isso não pode ser simplesmente desprezado. Ela foi a campeã brasileira pela décima vez e se ela está lá em Tóquio é porque ela merece estar lá. É porque não existe no Brasil outra menina boa o suficiente para tirá-la de lá. Voltando ao assunto, todos esses elementos novos, se utilizados, colocariam a Daniele em uma ótima posição no individual geral. E talvez ela consiga uma final de trave. Como? Sem quedas, acertando as ligações (sem pausas grandes) e validando todos os exercícios. A dificuldade da série de Daniele é boa de verdade, mas precisa ser bem executada. Meu coração de fã torce.

Daiane dos Santos

Daiane pode chegar á final de solo. Segundo o técnico de Daiane, ela apresenta cartas na manga para esse mundial. E todo mundo conhece a Daiane o suficiente para saber que isso é verdade. Quem esperava aquela série de solo em Pequim? Faltou só ela terminar de duplo esticado!!! Rsrsrs… Brincadeiras a parte, Daiane é muito forte em acrobacias e na parte artística também. Atualmente, todos os saltos de dança que ela faz na série são validados. Um único probleminha na parte de dança: o duplo giro com perna 90º. Acertando e limpando a série inteira, Daiane pode estar na final de solo no mundial.

Daiane tem uma certa moral com a FIG. A pena que deram pra ela pelo uso da substância Furosemida foi a mais branda possível: Daiane poderia até ter ficado fora dos Jogos Olímpicos de Londres. Pra mim foi como se a FIG dissesse assim: “Vamos Daiane…tenta essa medalha olímpica mais uma vez…” Daiane sempre vai ser lembrada na história da ginástica internacional: foi a primeira negra campeã mundial.

Equipe completa

Para mim, existem cinco equipes garantidas na final: EUA, Rússia, China, Romênia e Japão. O Japão, além das ginastas terem pontencial para estar na final, tem outro ponto a favor: estão competindo em casa. As outras três vagas estão em aberto e ficam entre Inglaterra, Austrália, Brasil, Itália, Espanha, França, Holanda, Alemanha, Canadá ou Ucrânia. Não tenho uma opinião formada a respeito de quem serão as três vagas, mas que o Brasil pode estar dentro da final, isso eu tenho certeza. Sem mais.

O que podemos fazer agora? Aguardar as classificatórias dia 08 de outubro. E torcer, mas torcer muito!