O que a ginástica reserva para 2015? – Parte 7 – Seleção feminina do Brasil

Estamos quase chegando ao fim da nossa série “O que a ginástica reserva” de 2015, com o tão esperado post sobre a seleção feminina, que teve a maior e melhor renovação dos últimos anos. São várias as ginastas que sobem para a categoria adulta esse ano. Tentaremos falar um pouco sobre a maior parte delas e, claro, sem esquecer as veteranas!

Flávia Saraiva

Primeira medalhista olímpica da ginástica feminina do Brasil, Flávia fez história nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014. Não apenas competiu muito bem como levou para casa 3 medalhas: ouro no solo, prata na trave e individual geral. Com uma série de barras assimétricas ainda um pouco fraca, Flávia mostra que pode muito nos outros aparelhos: já apresentou, em treinos, uma série de trave com potencial de mais de 6.5 de nota D; um yurchenko com dupla pirueta no salto e uma sequência de pirueta e meia de costas + dupla pirueta de frente no solo. Tem como ponto forte a sua parte artística, que é incrível! Flávia esbanja simpatia e é extremamente limpa. Ela não só executa uma série de solo, ela interpreta uma coreografia que deve dar um certo orgulho a quem criou. Conquistou a simpatia do Brasil e do Mundo, assim como dos árbitros e juízes que tiveram a oportunidade de julgá-la. Sem dúvidas estará na equipe esse ano assim como não há dúvidas de que seu sucesso já é uma realidade.

Rebeca Andrade

Talvez uma das melhores ginastas da atualidade, Rebeca chega a categoria adulta gerando muitas expectativas em todos que acompanham a ginástica de perto. De acordo com as séries que já apresenta, pode figurar entre as 5 melhores ginastas de individual geral do mundo. Possui um amanar no salto com pouquíssimos erros de execução; já conseguiu um 14.100 nas assimétricas em uma competição internacional; tem uma trave com boa dificuldade, apesar de ainda insegura; solo com acrobacias e ligações muito difíceis e muito bem executadas. Nesse último aparelho possui um leque de acrobacias: duplo mortal com dupla pirueta em fase de treinamento; duplo esticado; tsukahara grupado; flic sem mãos + tripla pirueta; dupla pirueta e meia de costas + pirueta de frente. Está evoluindo também nas assimétricas, onde já apresenta algumas ligações e treina um exercício muito difícil: o nabieva, até hoje executado apenas pela ginasta russa que o nomeou. Para as finais de salto tem um podkopayeva como segundo salto, mas sua potência leva todos a acreditarem que esse salto pode evoluir para outros mais difíceis. Sem querer colocar a ginasta em uma situação de pressão, Rebeca Andrade é indispensável para a equipe no mundial desse ano, onde acontece a classificação do Brasil para os Jogos do Rio.

Milena Theodoro
Especialista de trave e solo, Milena chega à seleção adulta com chances reais de figurar entre as escolhidas pro Mundial de Glasgow. Com exercícios de dificuldade e boa execução em seus melhores aparelhos, pode facilmente se destacar, precisando apenas controlar os nervos da competição. Na trave, alguns de seus elementos e combinações são rondada + mortal esticado, cortada com meia-volta, reversão + estrela sem mãos, rondada + flic + duplo grupado de saída; no solo, duplo twist grupado, dupla e meia + pirueta, duplo giro em L. Nas barras e no salto, ainda não é uma das fortes concorrentes, apesar de treinar elementos difíceis no primeiro (pelo mostrado no ano passado, alguns probleminhas de postura precisariam ser corrigidos pra que seja considerada em uma possível lineup).

Thauany Araújo

Mais uma das promessas do Flamengo conduzida por Keli Kitaura, Thauany possui potencial visível no salto e nas barras, além de dinamismo e elementos interessantes na trave (sissone + estrela sem mãos, giro em L, rondada + flic + duplo grupado). No primeiro, compete desde bem nova um Yurchenko com pirueta e meia, que veio melhorando com o passar do tempo; no segundo, faz exercícios de bom valor, incluindo a combinação de Maloney + shootover, Tkachev e saída em duplo pra frente. O solo é atualmente seu aparelho menos competitivo, apesar da coreografia super expressiva e de elementos de dança muito bem feitos. Lesionada, passou uma parte considerável do ano afastadas das competições, sendo esse o motivo, provavelmente, pra menor quantidade de upgrades apresentados em competição.
Lorenna Antunes

Formada pela base do Flamengo, Lorenna é hoje uma das integrantes da equipe do Cegin, e tem conseguido resultados expressivos desde que foi treinar em Curitiba. A melhora é visível em todos os aparelhos, sendo agora uma das concorrentes a vaga na equipe que disputa o Pré-Olímpico na Escócia. No salto, já apresenta um Yurchenko com pirueta e meia, precisando apenas de consistência. Nas barras, tem elementos interessantes (Maloney + Pak, Tkachev, duplo pra frente), mas parte do que foi mostrado no Brasileiro Juvenil do ano passado deve melhorar em execução. Na trave, tem entrada em mortal layout e saída em duplo grupado, e no solo, duplo twist grupado, triplo giro e outros dois duplos mortais.

Julie Kim

Julie foi uma das promessas juvenis a fazer sua estreia na categoria adulta no ano passado. Logo no começo do ano, foi medalha de bronze no individual geral do Campeonato Sul-Americano. Depois disso conquistou com a equipe a prata no Campeonato Pan-Americano e ainda conseguiu entrar para a final de trave, de onde saiu com a prata com uma série muito limpa e polida. Essas podem ser duas grandes características de Julie: limpeza e polidez. Apesar de não ter se saído tão bem no Mundial – talvez por conta do cotovelo que já a incomodava -, Julie deve continuar na equipe e contribuindo bem. Em treinos ela mostra muitos exercícios interessantes na paralela, como um shaposhnikova ligado a um shoot over e um ótimo jaeger. Na trave também treina uma sequência acrobática de 3 elementos (flic + layout + flic) e no salto há rumores de que pode saltar um rudi esse ano (reversão com pirueta e meia pra frente, valor 6.2).

Jade Barbosa

A torcida do mundo inteiro por Jade esse ano é a mesma: que Deus a guarde de lesões. Fora do Mundial de 2013 por conta de uma lesão no pé e do Mundial de 2014 por conta de uma lesão no joelho, Jade estava em plena forma quando os dois inconvenientes aconteceram. No Brasileiro do ano passado, mostrou sua melhor ginástica desde 2007, quando foi 3ª no individual geral do Mundial. Depois de anos competindo com menos do que havia aprendido até 2008, começou a inserir novos e antigos elementos em suas séries. A principal mudança foi nas barras assimétricas, mostrando que, mesmo não sendo mais uma “new senior”, poderia continuar evoluindo sua ginástica. Melhorou a postura em seus duplos esticados (no solo e na saída das assimétricas), apresentou ligações de bonificação na paralela e na trave, trouxe de volta o “dos Santos”, apresentou elementos de dança valor D no solo e está com uma das melhores coreografias da atualidade nesse aparelho. Tudo aponta para Jade Barbosa liderando a equipe feminina no Mundial esse ano e nos Jogos do Rio no ano que vem. Muita saúde e zero lesões é o que desejamos para essa grande ginasta!

Texto de Cedrick Willian e Bernardo Abdo.
Foto: Sergio Moraes / Reuters

Esse é o penúltimo texto de 2015 da série ” O que a ginástica reserva”. Todo fim / começo de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.

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