RÚSSIA
Seda Tutkhalyan
Grande promessa russa pro ano que se inicia, Seda estreia na categoria adulta já com títulos importantes em sua carreira, sendo bicampeã olímpica e campeã europeia juvenil. A ginasta de origem armênia é forte e explosiva, além de bastante versátil, com possibilidades reais de ajudar a equipe em todos os aparelhos. Apresenta dois saltos de bom valor – DTY e Omelianchik esticado – e que vêm ficando bastante seguros com o tempo, podendo ser considerada especialista por isso. Nas barras, transições e combinações bem interessantes (Maloney + Pak, Van Leewen, giro de sola com pirueta + Tkachev), especialmente por se tratar de uma atleta jovem e tão completa. Na trave, pode ser o show à parte, com elementos difíceis (rondada + mortal com pirueta esticado, flic + mortal esticado, flic + flic + dupla e meia de saída), e ótima postura na maioria absoluta deles; as quedas, porém, são frequentes. No solo, outras boas sequências, como dois flics sem apoio das mãos ligados indiretamente de duplo carpado, dupla e meia + mortal esticado e pirueta e meia seguida de pirueta.
Com bom potencial e considerável experiência internacional, Dmitrieva é mais uma das nossas apostas, chegando esse ano à categoria adulta. Apesar de bastante inconsistente, pode surgir como destaque russo na trave e no solo, aparelhos nos quais apresenta exercícios de valor – rondada + mortal esticado, reversão + sheep jump, switch ring e duplo grupado de saída; Tsukahara, duplo twist grupado e dois whips seguidos indiretamente de DG – e com boa altura nas acrobacias mais difíceis, além de ser muito expressiva. Nas barras, também tem uma boa série (incluindo Maloney + Pak, Jaeger carpado, sola com pirueta + Tkachev e saída em Tsukahara), mas costuma deixar bastante a desejar na execução. No salto, faz FTY com sobra. Alguns de seus resultados mais importantes do ano passado são: campeã por equipe e finalista de solo no Europeu Juvenil em Sofia, 2ª colocada no mesmo aparelho durante o Nacional Russo, conquistando também dois bronzes nas finais de salto e trave da competição; participou também do TopGym, na Bélgica, mas não obteve destaque.
Desde 2012, Aliya Mustafina é a única russa a se manter competitiva e sem ter os treinamentos interrompidos por lesões. Após 3 medalhas no Mundial da Antuérpia, conseguiu mais 3 bronzes no ano passado, perdendo um quarto pódio no individual geral por uma queda no solo. É uma ginasta geniosa e sabe competir, conseguindo lidar bem com a pressão. Os erros que comete quase sempre são uma fatalidade. Em seu olhar são visíveis a maturidade e a vontade de competir com o seu melhor sempre, e essa característica é o que faz dela a mais forte da equipe na atualidade, além de um dos principais nomes do cenário internacional. Entretanto – e apesar de certeza na seleção enquanto estiver competindo -, Mustafina parou de evoluir. Aliya compete hoje com o que aprendeu até Londres 2012, mesmo ano em que Alexandrov deixou de ser treinador na Rússia. Depois disso, as notas de partida diminuíram e as novidades não apareceram mais, exceto pelo “seitz” nas assimétricas. Atualmente, as armas que possui são: limpeza, artisticidade/expressividade e consistência na hora necessária. E isso, por enquanto, continua funcionando muito bem pra ela.
Ksenia Afanasyeva tem sofrido constantemente com lesões no tornozelo desde 2012. Desde então, esse pesadelo tem assombrado a vida da atleta quase uma vez por ano. A ginasta passou por uma cirurgia e conseguiu recuperar sua série completa de solo a tempo dos Jogos, mas não conseguiu acertá-la por completo em nenhum dos três dias de competição. Começou o ano de 2013 de forma bastante forte, com um título nacional no solo e a vaga para o Campeonato Europeu. Lá mostrou que estava melhor do que nunca, mostrando uma melhora absurda no salto e um solo de potencial 6.4. Sagrou-se campeã européia de solo facilmente e mostrou que ainda podia mais quando, no Universíade, simplesmente liderou a equipe russa apresentando um segundo salto e mostrando ainda mais firmeza em seu super solo. Na final de salto, se tornou a grande campeã executando um Amanar e um Lopez com ótimas execuções. Logo depois voltou a sentir dores no mesmo tornozelo que havia se lesionado em 2012, ficando fora do Mundial da Antuérpia. Voltou em 2014 para o Campeonato Russo, mas lesionou novamente o mesmo tornozelo, ficando fora do Campeonato Europeu e Mundial de Nanning. Com muita persistência, ajudou a equipe russa na Copa do Mundo de Stuttgart, executando um yurchenko com dupla pirueta e um solo que voltou a incluir a passada acrobática de dois whips + tripla pirueta. Antes do fim do ano, na Voronin Cup, voltou a realizar sua linda entrada de duplo esticado no solo e ainda foi campeã de salto sobre a especialista nesse aparelho, Maria Paseka. Agora resta saber se em 2015 o tornozelo voltará a ser um problema pra ela.
Depois de Mustafina, Alla Sosnitskaya possivelmente apareceu como a ginasta mais importante pra seleção no ano passado. Apesar de ter tido uma queda no solo na final por equipes do Mundial de Nanning, foi essencial na disputa da classificatória, quando todas as suas notas, exceto na paralela, contaram para o somatório do grupo. Sua contribuição ainda fez com que se classificasse para a final do individual geral, quando terminou em 7º, e para a final de salto, seu melhor aparelho e maior nota de partida entre as companheiras (cheng), sendo 4ª colocada. Alla ainda tem um solo com acrobacias fortes, como um duplo esticado e uma tripla que sobra força vindo de uma sequência de dois flic-flacs sem mãos; ela precisa melhorar ainda os elementos de dança, além de, talvez, escolher uma nova música pra série. No geral, a seleção russa fez escolhas de músicas duvidosas para a equipe no ano passado.
Desde 2011, Viktoria Komova vem sofrendo com constantes lesões que a obrigaram a passar por inúmeras cirurgias, sobretudo em seu tornozelo. No entanto nunca perdeu o amor pelo esporte e a vontade de ser a melhor do mundo, principalmente no individual geral. Após duas medalhas de prata em finais importantes e seguidas (Mundial de Tóquio e Olimpíadas de Londres), resolveu ficar um ano totalmente parada, voltando apenas no fim de 2013 para a Voronin Cup. Começou o ano de 2014 forte, apresentando uma série de trave com flic flac + arabian + sequência de saltos e recuperando a série de assimétricas que apresentou no Mundial de Tóquio. Ficou de molho por um tempo, devido a uma séria lesão nas costas, mas voltou a tempo do Nacional sendo campeã nas assimétricas. Por falta de preparo nos outros aparelhos, acabou excluída pelos Rodionenkos da equipe que competiu o Mundial de Nanning. Um mês após a competição, fez uma discreta e surpreendente competição nos quatro aparelhos, apresentando pouca dificuldade e ótimas execuções, conseguindo medalhas em todos os aparelhos, exceto o salto pela falta de um segundo salto. O que esperar de Viktoria em 2015? Será que as lesões continuarão atormentando a pobre ginasta russa? Mantendo-se saudável, pode voltar com tudo! Ela está em forma, tem uma execução ótima e ainda apresenta muito potencial para evolução.
Texto de Cedrick Willian, Stephan Nogueira e Bernardo Abdo.
Foto: Pinterest
Esse é o terceiro texto de 2015 da série ” O que a ginástica reserva”. Todo fim / começo de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.
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