ESTADOS UNIDOS
Bailie Key
Grande nome da categoria júnior norte-americana dos últimos dois anos, Bailie já coleciona medalhas nacionais e internacionais, sendo bastante experiente apesar da pouca idade. Com uma ginástica polida e consistente, a atleta promete brigar individualmente entre as melhores no Mundial de Glasgow, além de ajudar sua equipe na disputa por mais um título da competição. Key é uma all-arounder e desde os 13 anos vem sendo observada pelos fãs do mundo todo, e os brasileiros, especialmente, veem nela uma adversária direta para Rebeca Andrade, que também estreia como sênior em 2015. Entre seus resultados mais expressivos, destacamos os títulos AA em Jesolo, no Pacific Rim em Richmond (Canadá), no Aberto Mexicano, na Copa Internacional Júnior em Yokohama (Japão) e nos nacionais P&G Championships e Secret U.S. Classic, todas ocorridas entre 2013 e 2014.
Uma das mais aguardadas estreantes do ano, Nia também é promessa para 2016, e chega à equipe principal dos EUA apresentando séries fortes em todos os aparelhos e bem cotada à seleção que disputará a segunda fase classificatória para o Rio. Vice-campeã nacional individual apesar da ausência de Key por conta de uma lesão, deixou o título escapar após quedas nas barras e na trave, mostrando aí certa inconsistência. Internacionalmente não obteve o mesmo destaque de Bailie nem esteve presente em muitos dos eventos com participação júnior norte-americana; ainda assim, contribuiu para a conquista dos títulos por equipe e garantiu medalhas no geral e nas disputas por aparelho do Troféu Jesolo e do Pacific Rim este ano.
Simone Biles
Atual bicampeã mundial no individual geral e multimedalhista nos aparelhos, não é exagerado falar que Simone é, em mais um ano, a ginasta a ser batida. A atleta é dona do exercicio de solo mais poderoso da atualidade, com técnica, explosão e dificuldade que só ela tem. A norte-americana também é excepcional no salto sobre a mesa, onde costuma garantir as maiores notas de execução de todas as competições em que ela participa e em ambos os saltos que apresenta. Biles também detém o titulo mundial na trave de equilibrio, superando ginastas com excelente execução técnica como Bai Yawen e Aliya Mustafina. E mesmo com esse arsenal gigantesco já apresentado no último mundial, a atleta não pára de apresentar surpresas. Em uma recente matéria feita pelo canal oficial da federação americana de ginástica no Youtube, Simone já deixou claro que pretende acrescentar mais coisas em sua série de solo: a atleta treina um duplo mortal esticado com dupla pirueta (elemento de maior valor do código: I) e sua postura é simplesmente a melhor já apresentada por uma ginasta do feminino. Outro elemento que Simone gostaria de colocar em sua série de solo é o duplo mortal esticado com uma pirueta no segundo mortal, que também tem um valor de altíssima de dificuldade (H). No salto, a americana deixou clara a vontade de realizar o inédito yurchenko com tripla pirueta, elemento que se for homologado receberá o nome Biles e ainda terá 6.8 de valor de dificuldade. Como segundo salto, a jovem atleta tem a pretensão de acrescentar uma pirueta a mais no segundo voo do seu salto, ou seja, ao invés de realizar um Lopez ela passará a fazer um Cheng (6.4 de dificuldade). Nas barras ela também mostrou novidades como um kip weiler a mais no começo da série, a volta do seu tkachev na posição carpada e uma saída de tsukahara com meia pirueta ou mais (saída que até hoje só foi realizada pela russa Aliya Mustafina em competições).Com todos esses possíveis upgrades e se mantendo saudável, Simone Biles poderia se transformar numa ginasta imbatível, basicamente o Kohei Uchimura do feminino.
Skinner é a tipica ginasta norte-americana, que tem explosão e elementos dificílimos mas carece de flexibilidade e graciosidade. Assim como Simone Biles, seus melhores aparelhos são o salto e o solo, sendo que sua soma do individual geral foi uma das maiores obtidas entre as norte-americanas no ano de 2014 (constantemente em terceiro, atrás apenas de Biles e Kyla Ross). Mykayla obteve resultados bastante satisfatórios em suas especialidades, principalmente no salto, onde ela garantiu a medalha de bronze realizando o salto mais difícil da final: um Cheng. Seu segundo salto foi um yurchenko com dupla pirueta, sendo que no começo do ano, a ginasta estava sendo capaz de executar esse salto com meia pirueta a mais, acrescentando meio ponto em sua nota de dificuldade. A inconsistência na aterrissagem fez Skinner optar pelo mais seguro, não sendo mais possível entrar na disputa pela medalha de ouro, que ficou com a norte-coreana Hong Un Jong. Mykayla fez um solo extremamente firme e difícil na final do aparelho (maior nota D da final), mas sua postura nos movimentos acrobáticos, técnica incorreta em alguns elementos de dança e falta de artisticidade, podem ter feito a grande diferença no resultado, que fizeram Mykayla terminar num desapontante quarto lugar. Assim como Simone, Skinner também tem algumas cartas na manga que podem ser apresentadas no ano de 2015: a atleta já treinou o salto Cheng com uma pirueta a mais e tem a intenção de aprender o Yurchenko com tripla pirueta. No solo, Mykayla já mostrou ser capaz de realizar pirueta e meia ao passo tripla pirueta em sua série, que bonificaria 0.2. Recentemente MyKayla foi convocada para competir a American Cup, mostrando que é um nome importante para Martha Karolyi esse ano.
Gabby Douglas
Depois de tantas promessas de volta às competições e impasses com seu antigo treinador e clube, Gabby Douglas finalmente parece estar de volta. No ano passado ela quase competiu no nacional americano e enfrentou Simone Biles. Gabby é apontada nos Estados Unidos como uma ginasta com grande potencial de vencer Biles em uma competição individual geral, apesar de que Douglas é melhor que Biles apenas na paralela. Para que isso aconteça, tudo depende da forma como a ginasta voltar a treinar e competir. Atualmente ela treina ao lado da promessa Nia Dennis e, no último camping de treinamento americano, Gabby teve seu nome novamente incluso na seleção americana. A ginasta será de grande ajuda para a equipe na paralela, aparelho onde ela tinha séries ótimas e onde os Estados Unidos está relativamente fraco esse ano. Gabby está fisicamente em forma e, segundo Chow, seu antigo treinador, não estava no auge de seu potencial ginástico em 2012; ela poderia ir muito além do que apresentou. Se sem competir com todo o potencial que possui a ginasta foi campeã olímpica, o que a ginástica reserva para Douglas e os fãs do esporte em 2015?
Alexandra Raisman
Outra ginasta a voltar para a seleção americana no último camping americano foi Alexandra Raisman. Campeã olímpica de solo em 2012 com acrobacias fortíssimas, Raisman nunca mais competiu. Recentemente saíram vídeos de treino da ginasta em que ela aparece com um bom físico e em uma boa fase de treinamento. Tanto Raisman quanto Douglas não competiram dentro do novo código de pontuação, onde a parte artística da ginástica feminina finalmente começou a ser valorizada. Entre as duas ginastas, a que mais precisará de mudanças será Raisman, que se mostrava muito dura durante as coreografias. Essa é uma parte que a ginasta terá que investir muito (além das paralelas) se quiser entrar na briga por medalhas nesse novo ciclo. Mas, por outro lado, esse seria praticamente o único problema, já que Raisman é muito potente de pernas e provavelmente não deve ter perdido nada do que já fazia, acrobaticamente falando.
Texto de Bernardo Abdo, Stephan Nogueira e Cedrick Willian.
Foto: Olimpi Azzurra
Esse é o primeiro texto de 2015 da série ” O que a ginástica reserva”. Todo fim / começo de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.