O que a ginástica reserva para 2014? – Parte 4

Quarta parte da série “O que a ginástica reserva para 2014”.

CHINA

Wang Wei

Foge a qualquer padrão relacionado à ginástica feminina da China: é alta, bastante explosiva e por vezes apresenta pouca flexibilidade para saltos de dança, tanto na trave como no solo. No primeiro deles, embora tenha problemas recorrentes na execução de alguns elementos, pode chegar perto dos 6 pontos de partida, e no segundo, é de longe a mais forte acrobaticamente da atual seleção juvenil do país. Em 2013 foi parte da equipe que disputou o amistoso anual contra a Rússia para meninas de 13 a 15 anos, quando foi segunda colocada no salto – fez um FTY muito limpo, com margem para voltar a realizar a dupla pirueta.

Chen Siyi

Representando a província de Fujian, a pequena Siyi é uma das esperanças da China para o Mundial de Nanning. Com potencial claro nos melhores aparelhos da equipe, conseguiu bons resultados internacionais entre o final de 2012 e o início de 2013 – na Massilia Gym Cup conquistou o ouro nas barras, e no AYOF, o título por equipes e a prata na trave. Contudo, nas competições nacionais que aconteceram no primeiro semestre do ano passado, não teve o mesmo desempenho, concluindo sua participação sem nenhuma medalha individual.

Yao Jinnan

Pode ser considerada tranquilamente a nova capitã da equipe chinesa pra 2014. Com as saídas de veteranas como He Kexin, Sui Lu e Huang Qiushuang, Jinnan passa a ser a mais experiente, e a que apresenta resultados mais expressivos entre as que competem por uma vaga na equipe desse ano. O ano passado foi bastante decepcionante para a pequena Yao Jinnan: após chegar como favorita absoluta ao ouro mundial nas barras, tendo na manga uma série de 7.0 de dificuldade, cometeu uma queda na final saindo da competição sem medalhas. Sua série é composta pela originalíssima largada Mo, de valor G, e uma ligação extremamente complicada de 3 voos: chow+Pak+chow com meia pirueta, sendo o último voo apelidado de ”Jinnan”, por ter sido um elemento que a ginasta pretendia homologar em 2012, mas foi impedida por ter realizado junto com a russa Aliya Mustafina na classificatória dos Jogos Olimpicos de Londres.Seu salto (yurchenko com dupla) e seu solo (com tripla pirueta+stag de entrada, que tem potencial pra chegar a 5.8 de dificuldade), também serão armas importantes para ajudar a equipe chinesa na final por equipes do mundial do ano que vem. Na trave, a inconsistência pode ser um empecilho para fazê-la ter chances de conseguir medalhar no individual geral, mas fixando seu mortal com pirueta (o que lhe dará uma série de 6.4) e acertando todas as suas outras séries, Yao tem condições de estar no mínimo no top 5 da final individual geral. Caso Yao consiga recuperar alguns elementos que realizava antes no solo, e que foram retirados devido a lesões (como o duplo esticado e a 1.5 ao passo 2.5), seu solo dará a ela chances certas de final caso acerte, além de melhorar ainda mais sua soma individual, a colocando sem dúvida no top 3 do individual geral, e fazendo com que ela auxilie a equipe fortemente nos 4 aparelhos.

Luo Peiru

Peiru é uma ginasta com pouca explosão, mas com técnica bastante apurada, o que a auxilia a realizar um yurchenko com dupla mediano e uma série de barras promissora. O salto pode ser seu passaporte para o Mundial do ano que vem, devido a falta de boas saltadoras na equipe chinesa da atual geração. No começo de 2013, Lou chegou a realizar um ótimo DTY em uma competição regional chinesa, mas seu histórico é de relativa inconsistência nesse aparelho. Sua série de barras era bastante interessante em 2011 e 2012, onde ela obteve alguns resultados importantes tanto nacional quanto internacionalmente (14.700 e um bronze no Pacific Rim 2012, ficando atrás apenas das americanas Gabby Douglas e Kyla Ross). No entanto, em 2013 a jovem ginasta chinesa apresentou fraqueza nesse aparelho e não conseguiu sua série mais difícil de 6.3, e nem mostrou uma execução tão sólida quanto nos anos anteriores. Também no Pacific Rim de 2012, Luo chegou a realizar uma ótima série de solo pra uma chinesa, alcançando a marca dos 14 pontos, e apresentando aterrissagens perfeitas em quase todas as passadas, além de saltos ginásticos altos e flexíveis (nota de dificuldade baixa no entanto: apenas 5.2 no código atual). Sua trave tem nível de dificuldade meio baixo (5.7 consistentemente em competições nacionais), o que não ajudaria a equipe em uma competição por equipes, mas que poderia ser utilizada tranquilamente na fase classificatória.

Huang Huidan 

Huidan começou o ano de 2013 de forma bem discreta, sem causar muito alarde e com alguns problemas de consistência em sua série de barras. Ninguém podia imaginar que aquela ginasta magrinha, novinha e com uma amável ponta de pé poderia desbancar grandes nomes como He Kexin e Aliya Mustafina, se tornando campeã mundial e nacional nas barras. Suas séries são um deleite de execução quando ela está inspirada (como esteve nas duas finais em que ela foi campeã) e apresenta um 6.6 de nota D (com uma incrível sequência de três passagens ligadas no começo da série: chow+pak+van leeuwen), que trata-se da terceira maior nota de dificuldade desse aparelho apresentado internacionalmente nesse ciclo. Seu segundo melhor aparelho, a trave, tem potencial para ser dificultado durante o ano de 2014 devido a facilidade, consistência e execução sólida com o que ela realiza a atual série, que já tem potencial pra alcançar os 6.1 de nota D. Huidan, no entanto, tem pouca explosão, o que atrapalha muito o seu desempenho nos outros dois aparelhos: no salto a ginasta chinesa só consegue apresentar um yurchenko carpado, de valor de dificuldade 4.0, e no solo a atleta costuma arriscar nos elementos de dança (quadruplo giro entre eles) pra tentar subir sua nota de dificuldade, que é muito baixa por conta das suas passadas (entrada de duplo grupado), e que com todos os elementos considerados alcança um humilde 5.3.

Tan Jiaxin 

Jiaxin tem vaga quase garantida na equipe para o Mundial de 2014 por conta de seu salto: um belo yurchenko com dupla pirueta (o melhor realizado entre todas as chinesas da atual geração). Sua série de barras também tem muito potencial pra melhoras além de apresentar uma dificuldade bem alta, com uma inacreditável sequência de hindorf+gienger e uma saída de tsukahara esticado (6.6 acertando tudo), podendo ajudar numa final por equipes. Entretanto, seus pontos fracos nesse aparelho são bem evidentes: inconsistência e dificuldade de pegar boa altura nos voos. Tan Jiaxin tem pouca experiência internacional, tendo competindo fora da China apenas duas vezes em toda sua carreira (ambas em 2013): Copas do Mundo de Stuttgart e Doha, levando uma medalha de ouro em cada uma dessas competições. Seu solo foi utilizado pela equipe na Copa da Alemanha, mas não trouxe um bom resultado em um dos dias de competição, onde ela cometeu uma queda em um simples duplo mortal grupado de terceira passada. A série também parte de apenas 5.1, e a falta de consistência no solo também descarta Tan Jiaxin de auxiliar a China nesse aparelho em um Mundial. Trave é o seu aparelho mais fraco, não tendo vídeo algum de apresentação da ginasta em competição.

Shang Chunsong 

Apareceu em 2012 como a chinesa que podia fazer tripla pirueta bate mortal pra frente no solo, uma sequência bastante ambiciosa que bonifica em dois décimos. Sua execução não muito boa nos duplos e aterrissagens inseguras a impediram de conquistar bons resultados nacionalmente naquela época, mas ainda no mesmo ano, Chunsong surpreendeu ao conquistar a medalha de ouro no solo do Campeonato Asiático. Nas barras, a pequena ginasta também não decepcionou em competições internacionais: no mesmo ano, Shang chamou a atenção do público que acompanhava o Campeonato Pacific Rim com uma linda conexão com largadas de tkachev+gienger, mas uma falha grave em um troco na barra baixa a impediu de brigar por pódio, apesar de ter realizado uma série original e difícil (6.5 naquele código e 6.3 no atual). Já em 2013, foi a vez de Shang surpreender na trave. Após ser a segunda ginasta mais completa do Nacional Chinês, Chunsong desbancou todas as suas competidoras e se manteve firme na série do começo ao fim, levando com facilidade o título de campeã nacional nesse aparelho (6.6 considerando todas as ligações e elementos). Na copa do mundo de Anadia, brilhando novamente na trave, a chinesa ficou com a medalha de prata, perdendo apenas pra Larisa Iordache. Nos Jogos Chineses, Chunsong não foi tão brilhante nesse aparelho, mas mostrou mais firmeza no solo, um aparelho onde ela já estava entrando de 1.5 ao passo para uma tripla pirueta bate mortal pra frente, uma sequência absurdamente difícil que bonifica em 4 décimos. Campeã da competição com folga, Shang se tornou a única esperança chinesa de medalha mundial no solo. Nas barras, Chunsong também não parou de evoluir: com uma série que tinha potencial pra alcançar os 6.9 de dificuldade com todas as ligações corretamente conectadas, entre elas um hindorf carpado+pak, a jovem atleta garantiu outro título na competição e se tornou a grande favorita do país a conseguir medalhas no Mundial da Antuérpia. Na fase classificatória do Mundial, Chunsong só competiu realmente bem na trave, se classificando em segundo para a final, mas acabou falhando e saindo sem nenhuma medalha. Chunsong tem um salto relativamente fraco, um yurchenko com uma pirueta. Sua inconsistência em competições de grande importância também é um problema muito sério pra Shang, problema que deve ser fixado em 2014 caso ela queira ajudar a equipe.

Texto de Bernardo Abdo e Stephan Nogueira.
Foto: Pinterest

Esse é o quarto texto de 2013/2014 da série ” O que a ginástica reserva”. Todo fim de ano faremos postagens sobre os maiores nomes que competirão no ano seguinte. O último texto será exclusivamente escrito sobre ginastas do Brasil.

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