O porquê de não perder as esperanças nas meninas

Sabemos que a batalha será árdua, que o caminho a frente será difícil, porém acreditar é preciso. Aqui vai mais uma razão, um pouco mais racional e matemática, do porquê eu acredito que o Brasil ainda está nessa disputa.

Itália, França e Canadá são as equipes mais preparadas para este evento em termos de resultados anteriores (incluindo o mundial pré-olímpico) e de qualidade técnica de suas ginastas. Como estas equipes estão muito fortes, acredito que devam fazer o pódio do Evento teste. Todavia, o quarto lugar ainda não está decidido.

Como referência para este post, segue um quadro com as somatórias gerais e por aparelho de cada equipe nas classificatórias do último mundial:

Os dados acima seguem a seguinte ordem: salto, barras, trave, solo e somatório geral da equipe.

Coréia e Bélgica terminaram abaixo do Brasil no mundial, respectivamente 15o e 16o. Portanto estamos, em tese, na briga contra Espanha e Holanda pelo 4º lugar.

Holanda está desfalcada de duas ginastas, uma delas é a sua principal ginasta (Celine van Gerner). A diferença de notas entre Brasil e Holanda no somatório total das equipes durante a classificatória do mundial pré-olímpico foi menor que 0.5. Como Celine pontuou na casa dos 14 tanto na trave (14.300) quanto nas paralelas (14.166), e considerando que eles não teriam outra ginasta do mesmo nível, acredito que já estaríamos na vantagem contra a Holanda.

Eis o motivo: o Brasil foi melhor que a Holanda no Salto e no Solo, obtendo uma vantagem de aprox. 1 ponto na soma dos dois. A Holanda colocou a diferença justamente na trave e nas paralelas, onde eles precisariam de Celine para pontuar tão alto quanto. Nas paralelas a diferença foi de 1.2 e na trave de apenas 0.1.

Lisa Top será digamos a substituta de Celine. Uma ginasta nova com muito talento e que já vem sendo reconhecida por campeonatos como o Pre Olympic Youth Cup onde ela terminou em #2. Suas notas de Salto e Solo foram na casa dos 14, o que já seria uma vantagem de quase 1 ponto em relação a Celine. Entretanto, suas pontuações de trave e paralelas foram na casa dos 11 (sem quedas).

Assim sendo, partindo de uma visão bem prática, estaríamos em uma disputa real e direta contra uma equipe ao invés de sete. Já ficou mais interessante, não?

Bem, a Espanha cresceu muito rapidamente e em pouco tempo. Resgatou ginastas importantes como a Izurieta e já foi chamada de “China da Europa” pela ótima execução em tudo que faz. A diferença entre Brasil e Espanha foi de aprox. 1.3 no comparativo das notas das equipes no mundial.

Dissecando por aparelhos, a grande vantagem da Espanha está nas paralelas onde pontuaram quase 3 pontos a mais que o Brasil. O Brasil foi superior no solo (0.6 acima) e na trave (0.4 acima) enquanto a Espanha foi superior no salto (0.4) também.

Algumas modificações foram feitas nas séries brasileiras que podem fazer o Brasil somar mais 1.3 (que foi a diferença entre Espanha e Brasil). Por exemplo: a mudança na série da Daiane substituindo DTC por DTG pode fazê-la pontuar mais já que ela continua com uma boa dificuldade porém sem tantas deduções de execução e/ou aterrisagem; Daniele fazendo salto após as acrobacias pode subir a nota também; aumento da dificuldade na trave e nas barras; chegadas melhores no salto de todas. Não devemos subestimar o poder de mais um “0.1”.

Além disso, não é difícil de acreditar que tanto a Daniele quanto a Adrian podem chegar aos 14 no salto; que a Jade pode tirar mais de 12.900 no solo; Daiane pode tirar 13 nas barras, assim como Bruna e Daniele. Se você somar as possibilidades claras de melhoria mais as limpezas e um pequeno aumento de dificuldade nas barras e trave, esse 1.3 de diferença com a Espanha pode acabar ficando a nosso favor.

Claro que é imprescindível lembrar que todos os argumentos aqui apresentados são conjecturas baseadas no mundial pré-olímpico, notícias recentes, e alguma dose de otimismo (mais necessária do que nunca).

A classificação do Brasil para alguns seria merecimento, para outros pura sorte. Seja qual for o motivo, queremos ver o Brasil nas Olimpíadas com uma equipe completa, certo? E o que podemos fazer é torcer, e torcer muito para que possamos atrair tanto o merecimento como a sorte para o nosso lado. A ginástica é imprevisível e se qualquer uma das oito equipes sentir a pressão e errar, o resultado final pode vir a surpreender. Quem sairá vencedor neste último combate pré-olímpico? Quarta-feira saberemos.

Anexo:

Para os que gostam de números, segue um documento para vocês compararem a performance do Brasil no mundial pré-olímpico. O arquivo contém um resumo do último mundial, incluindo as notas de partida, de execucão e final em cada aparelho por ginasta.

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Créditos da foto: Grace Chiu (http://www.graceclick.ca/)

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