Oleg Verniaiev competindo nas barras paralelas durante a etapa de Tóquio. |
Da esq. para a dir., Ryohei Kato (prata), Oleg Verniaiev (ouro) e Daniel Purvis (bronze) fizeram o pódio da etapa de Tóquio. |
Falando em
possíveis medalhistas no mundial, o britânico Daniel Purvis, 3º colocado nesta
etapa, segue incansável na busca pela perfeição. Esta afirmação não é em vão, sua
abilidade de ser competitivo sem deixar de ser artístico é imediatamente
apreciada pelo público. Não é coincidência que a maior nota de execução dada nesta
etapa foi dele (9.575 no salto pelo seu Yurchenko com duas piruetas e meia). O lado
artístico do esporte só tende a ganhar com atletas como Purvis subindo ao
pódio, e Fabian Gonzalez da Espanha certamente é um exemplo disso. Fabian obteve
o maior somatório de notas de execução nos seis aparelhos, mesmo possuindo o menor
somatório de notas de dificuldade nos mesmos seis aparelhos entre todos os competidores.
Se Fabian conseguir aumentar sua dificuldade sem comprometer sua brilhante
execução, poderá surpreender aqueles que chegarão com favoritos ao mundial.
O único
representante brasileiro da competição, Sérgio Sasaki entrou o último dia de
competições na 4ª posição e tinha chances reais de pódio, e apesar de ter feito
uma competição sem quedas, apresentou séries com vários problemas de execução que
resultaram na 5ª colocação final. A grande expectativa do dia era de maximizar sua
pontuação no salto onde ele apresentou seu Dragulescu, o salto mais difícil desta
etapa (D6.0). Apesar de ter cravado um belo salto no aquecimento minutos antes,
seu salto de competição ficou aquém de seu potencial com uma chegada baixa e
desequilibrada, deixando-o em último lugar neste aparelho. Deste ponto em
diante, sabíamos que seria difícil para ele subir no ranking.
Se a
disputa no masculino aos poucos foi ficando menos intensa com as desistências
de Danell Leyva (fortes dores no ombro esquerdo durante treino de pódio) e
Kazuhito Tanaka (lesão no pé esquerdo após queda nas argolas no primeiro dia de
competições), a batalha pelo pódio no feminino teve um pouco mais de emoção. A
americana Peyton Ernst liderava a competição após o primeiro dia de
competições, e durante sua série de trave parecia estar cementando sua vitória
com uma série firme no melhor estilo USA até o seu duplo carpado de saída onde
sofreu uma queda. Apesar das boas qualidades da ginasta, não a vejo por
enquanto como uma ginasta relevante no competitivo cenário da ginástica
artística feminina dos EUA.
Asuka Teramoto durante exercício de solo em Tóquio |
Fechando o
pódio tivemos a volta bem sucedida de Elsabeth Black do Canadá. Se durante o aquecimento
ela parecia um pouco hesitante, durante as rotinas em todos os aparelhos ela se
mostrou pronta e confiante para ajudar sua equipe a manter o sucesso das Olimpíadas. Ainda
que tenha diminuído a dificuldade de seu salto (Reversão com uma pirueta ao
invés do Rudi), sua potência continua a mesma. Pode ser uma boa estratégia para
ela segurar um pouco a dificuldade no caminho para o mundial. Seus pais estavam
sentados bem atrás de mim na arquibancada e estavam vivenciando cada movimento
como se valesse um ouro olímpico. Ser parente de ginasta não deve ser nada
fácil.
As
chinesas, antecipadas como talvez as grandes favoritas, voltaram a apresentar
sua infame inconsistência. Nas barras, Shang Chunsong, que apresentou um
movimento novo (um Hindorff carpado), foi impecável no aquecimento, porém acabou
sofrendo queda na sua série de competição. Shang se redimiu na trave onde
obteve a maior nota entre todas as competidoras (14.625) com uma série
tipicamente chinesa, com vários saltos de alto grau de dificuldade e muitas
ligações. Confesso que a posição e flexibilidade das pernas ao redor do joelho
não me agradam muito especialmente pelo padrão chinês nesse quesito. Já Huang
Qiushuang, que é a ginasta com maior reputação entre as participantes, ficou apenas
na 5ª colocação em uma competição onde apresentou séries mais simples em todos
os aparelhos, ao ponto de não ter preenchido um dos requisitos do solo e partir
de 4.7, desperdiçando sua nota de execução que foi a maior do solo. Huang
parecia em forma fisicamente, mas fora de ritmo de competição.
O resultado
desta etapa, ainda que distante do nível de um campeonato mundial, serviu como
indicativo do ponto em que os ginastas de diferentes países estão em sua
preparação. Todos estão cientes de que o ciclo olímpico já começou e cada um segue
estratégias diferentes por viver momentos diferentes em suas carreiras. Por
exemplo, enquanto as Juniors tentam
um lugar ao sol em seu primeiro ano na categoria adulta, como é o caso de
Charlie Fellows da Grã-Bretanha e Elisa Meneghini da Itália, as veteranas tentam
se manter competitivas ao mesmo tempo que tentam se preservar. Porém, o sonho
de estar em um palco olímpico, seja pela primeira vez ou seja por mais uma vez,
faz parte do desejo de cada um deles. A nós, fãs, resta o apreço pelo esforço
deles e a torcida para que todos consigam atingir seu potencial e fazer o seu
melhor. Afinal, quem não quer ver o melhor da ginástica em solo verde e amarelo
em 2016?
Resultado Final do Individual Geral Masculino:
1. VERNIAIEV (UKR) 90.375
2. KATO (JPN) 90.175
3. PURVIS (GBR) 89.250
4. GONZALEZ (ESP) 88.700
5. SASAKI (BRA) 87.750
6. NGUYEN (GER) 87.275
7. TANAKA (JPN) 42.800
Resultado Final do Individual Geral Feminino:
1. TERAMOTO (JPN) 56.825
2. ERNST (USA) 56.550
3. BLACK (CAN) 55.900
4. SHANG (CHN) 55.75
5. HUANG (CHN) 55.225
6. FELLOWS (GBR) 53.525
7. MENEGHINI (ITA) 53.425
8. MINOBE (JPN) 51.825
Resultados
Oficiais
http://www.jpn-gym.or.jp/artistic/2013/result/pdf/13a_wct.pdf
Fotos de autoria de Akio Yamashita.
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