Em entrevista exclusiva, cedida ao Gym Blog Brazil, John Geddert, técnico da ginasta campeã mundial Jordyn Wieber, esclareceu algumas dúvidas com relação aos treinamentos de Jordyn, planos para o futuro e sobre os Jogos de Londres. John, apesar de sério, é muito prestativo. Parou tudo o que estava fazendo (preparando a aula que eu iria assistir dali a alguns minutos) e gastou um tempo conversando comigo. A acessibilidade que foi dada ao blog foi impressionante, dado que John não é simplesmente um técnico: John é um técnico campeão mundial.
GBB: Você é o técnico da campeã mundial de ginástica. Como você se sente a respeito disso?
JG: Três anos de treinamento gasta muito tempo e uma oportunidade em um mundial não acontece frequentemente. Você fica satisfeito com o resultado mas tem que focar no próximo passo. O mundial foi bom, mas temos que pensar nos Jogos no próximo ano.
GBB: Jordyn não era uma ginasta muito artística, mas esse ano ela se mostrou melhor do que nunca. Como isso aconteceu?
JG: Nós gastamos muito tempo treinando os pontos fracos de Jordyn. Fizemos um programa para melhorar o que ela tinha dificuldade. Nos últimos anos contratamos um bom coreógrafo, para trabalhar com a dança e com as séries, e incluímos mais aulas de dança no programa de treinamento. Ela estava fazendo duas aulas de balé clássico por semana e isso ajudou muito. Jordyn está mais madura, ela não tem mais dez anos de idade, naturalmente a parte artística melhora.
GBB: Muito se falou sobre o julgamento dos juízes no último mundial. Uma das discussões mais polêmicas foi sobre o duelo entre Jordyn e Komova na final do individual geral. Você acha que os juízes estavam com um olhar melhor para Jordyn do que para Komova?
JG: Com certeza não. As coisas tem que ser vistas por outro lado. As duas tiveram problemas, as duas cometeram erros. Se você assistir as séries, Jordyn venceu, facilmente, no salto, no solo e na trave. A diferença de notas na paralela ela compensou nos outros três aparelhos. As notas foram muito próximas, Komova foi muito bem. Jordyn teve dois erros, Komova teve dois erros. Houve uma conspiração ou desonestidade dos juízes contra ou à favor das ginastas? Com certeza não. Eu não gosto quando os técnicos se queixam e choram quando perdem. Eu, quando perco, estendo minha mão e digo: “parabéns, bom trabalho!”. Então vou pra casa e vou trabalhar mais forte a partir de agora. Não vou ficar me queixando sobre os juízes. Eles existem para avaliar o esporte e não estão ali de brincadeira.
GBB: Eu penso que essa polêmica apareceu porque Komova tem muitos fãs no mundo e a maioria esperava vê-la como campeã mundial. Pra mim, Komova perdeu o título na trave.
JG: Sim, ela teve muitos erros na trave. Muitos erros pequenos.
GBB: As duas últimas campeãs olímpicas foram dos Estados Unidos. Você está trabalhando com Jordyn para que ela seja a campeã olímpica no ano que vem?
JG: Nesse momento, ganhamos o mundial e os Jogos Olímpicos acontecem no próximo ano. Temos muito trabalho a fazer. Não acreditamos que os títulos venham por meio de uma progressão, temos que estar melhores no ano que vem. Esse é o nosso objetivo. O fato de sermos a equipe número um do mundo pode não ser bom para nós. Nesse momento somos vistos pelas outras equipes como o país a ser vencido!(risos). Então, temos que ser melhores ainda, só pra garantir.
GBB: Você pensa em trabalhar as séries de Jordyn para o ano que vem, talvez aumentar um pouco o grau de dificuldade, incluir novos elementos?
JG: Só um pouquinho. Talvez na trave e no solo.
GBB: Ela já tem um bom grau de dificuldade…
JG: Vou aumentar um pouquinho mais na trave. E no solo ela vai fazer o duplo esticado e o duplo com dupla. Ela também vai melhorar os saltos de dança e colocar saltos seguidos de algumas acrobacias. O solo vai ficar mais forte.
GBB: Os saltos de dança hoje são muito importantes para notas mais altas no solo.
JG: Estamos trabalhando nisso. Na paralela, estamos trabalhando a execução com melhores lançamentos à parada e mais consistência, e na dificuldade, estamos treinando o “shaposhnikova” com meia volta. Tem outros exercícios que podem ser inclusos, mas deixa a série muito longa e no final da série fica difícil de fazer o duplo mortal com dupla pirueta. Não posso criar uma série longa, tenho que manter a série curta.
GBB: Uma série longa pode acarretar uma queda na saída…
JG: Isso…
GBB: Jordyn já treinou algum segundo salto?
JG: Não, ela não seria forte o suficiente (no sentido de ter dois saltos bons). Ela não tem uma boa chegada de frente na mesa. Poderia até fazer um salto menos usado mas não vale a pena correr o risco de lesão. Sem contar que daria muito trabalho e seria perda de tempo.
GBB: Nos Jogos Olímpicos do ano que vem, a equipe será composta por apenas 5 ginastas. Isso será difícil pros EUA, já que vocês têm uma série de ginastas ótimas pra escolher. O que você e os outros técnicos estão planejando a respeito disso?
JG: Essa dúvida é muito boa! Temos muitas atletas fortes voltando: Shawn Johnson, Bridget Sloan…
GBB: Chellsie Memmel…
JG: Chellsie está com o ombro muito ruim… (expressão negativa no rosto). Mas temos várias pra escolher, várias boas ginastas. Eu penso que iremos escolher 4 “all-arounders”, e uma boa ginasta de paralela. Paralela é nosso ponto fraco, precisamos de alguém que nos faça subir. Nastia está voltando e é boa de paralela, além de ter uma trave boa também.
GBB: Você acha que dá tempo dela voltar e ainda fazer a paralela no próximo ano?
JG: Eu sei que ela está muito tempo fora, mas ela é muito forte aqui (e apontou pra cabeça, ou seja: Nastia tem uma determinação e psicológico muito forte, que fazem John acreditar no retorno dela). Quando ela põe a mente em algo você não pode desacreditar. Então, penso na Nastia na paralela e na trave, e podemos usar a Alicia no solo e salto. Uma boa combinação! Podemos usar a Shawn também no salto e solo. Aí teríamos que levar 3 “all-arounders”…Com certeza ginastas boas vão ficar fora da equipe. Muitas vão ficar em casa e eu não gosto de pensar nisso.
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