Desde que ajudou o time dos Estados Unidos a entrar para a história como
campeãs olímpicas e se tornar viral com sua famosa expressão facial “not impressed”, McKayla Maroney se lançou ao estrelato. Sua jornada até
as Olimpíadas, porém, não foi assim tão ideal.
Depois da primeira
noite de competições no Visa Championships de 2012, realizado em St
Louis, Maroney figurava apenas na sétima colocação do individual geral,
após uma pontuação modesta nas assimétricas e uma boa lideraça no
salto. Então, ao se aquecer no solo para a competição final, Maroney
“passou” na rotação de sua tripla pirueta e meia, sofrendo uma concussão
e pequena fratura nasal. De repente, a campeã mundial de salto tinha
seu lugar no time olímpico severamente ameaçado.
Maroney esteve
fora dos ginásios por uma semana em um momento crucial de treinamento.
Ela retomou sua rotina normal apenas na segunda-feira anterior ao
“Olympic Trials” (ou seletiva olímpica) e estava sob enorme pressão para
apresentar-se bem e alcançar seu sonho olímpico.
Incrivelmente,
Maroney chegou a San José se mostrando mais preparada do que nunca, e
mostrou ao mundo sua força mental. Ela liderou a competição no salto,
terminou na sétima colocação no individual geral e foi nomeada para o
time de cinco ginastas. O resto é história.
Na manhã em que
Maroney foi finalmente nomeada para o time olímpico, Marina Razor teve
uma conversa com o homem dos bastidores, responsável pelo sucesso de
Maroney nos últimos anos, seu técnico Artur Akopyan do AOGC. Maroney
esteve treinando com Akopyan desde 2010, quando se transferiu do Gym
Max. A parceria dos dois se encaixou logo de cara, e Maroney melhorou
seu resultado da vigésima sétima colocação no individual geral do
Campeonato Nacional de 2009 para a terceira colocação em 2010,
solidificando seu lugar no time nacional. Akopyan foi um ginasta soviético, dono de 6 medalhas em mundiais.
Mckayla
se recuperou daquela lesão, e aqui ela está, no time olímpico. Do ponto
de vista de um técnico, como foi para você lidar com aquele tempo em
que ela esteve afastada dos treinamentos?
“Foi muito difícil para
mim, na verdade mais ainda do que para ela, porque eu não podia ajudá-la
de nenhuma maneira. Tem que partir dela a decisão de como lidar e como
se apresentar. Nós sabemos que ginástica não combina com falta de
treinos, porque cada dia faz a diferenca, e ela perdeu uma semana
inteira de treinamento. Eu estava muito preocupado, assim como os
médicos. Mas estou satisfeito e agradeço a Deus por ela ter voltado e
cumprido seu papel.”
Depois da lesão, você ficou muito preocupado a respeito da volta dela, e suas possibilidades de atingir o time olímpico?
“Foi
um momento triste para mim. Eu pensei que fosse muito séria a lesão na
cabeca, e ninguém sabia o que iria acontecer. Mas eu confiei nela e
sabia que ela era mentalmente forte e tinha um coração lutador.
Conversei com os pais dela e eles me garantiram que sim. O pai dela
ainda falou: “os Maroneys são obstinados. Ela irá voltar, ela vai
conseguir”.”
Quando ela voltou aos treinos, houve alguma hesitação
da parte dela, ou medo de executar aquela tripla pirueta e meia de novo
(o mesmo movimento que causou a lesão)?
“Eu apenas pedi a ela que
fosse honesta sobre sua lesão, porque não é uma coisa simples: é
assustador. E eu entendo a importância dos Jogos Olímpicos, mas viver
uma vida inteira com uma lesão como esta não é o que ninguém quer ver. Ela
teve um pouco de hesitação. No primeiro dia do seu retorno ao ginásio,
ela tentou fazer algumas coisas, levemente, e eu a mandei pra casa. Então seus médicos a restringiram a não fazer nada até a última
semana, com dois dias de antecedência apenas. Ela chorou porque os
médicos não queriam dar alta. Todos os dias ela voltava para ser testada
e os médicos ainda não davam alta, e ela chorava. Eu disse a ela: “Olha,
eu confio em você. Você é minha atleta, entao tem que ser honesta
comigo e me dizer tudo o que está acontecendo com você”. Começamos a
executar elementos mais simples quando ela retornou, e voltamos a forma.
No terceiro dia ela estava pronta. E, naquela hora, eu acreditei que ela
iria conseguir. Bem, eu havia acreditado no começo, quando conversei com
o pai dela, e ele me disse que eles eram obstinados. Eu fiquei um pouco
aliviado com aquilo. Eles são uma boa família.”
O que na McKayla faz dela uma atleta especial?
“Primeiro
de tudo, ela tem um bom coração e uma bela personalidade. Treinei
atletas minha vida toda, e tive bons e maus momentos com elas, e não é
fácil mudar as ginastas e suas personalidades, então você precisa
aprender a lidar com isso. E com a McKayla, todos os dias me sinto
melhor após o treino. Ela está sempre treinando duro, eu nunca tenho que
levantar minha voz com ela. Ela é muito forte e inteligente, mas ao
mesmo tempo, é feminina e delicada. E elegante.”
De que maneiras você a viu crescer e florescer no tempo em que ela esteve no seu ginásio?
“Ela
é muito esforçada e talentosa. Mas sua formação era um pouco baixa, não
a esse nível de ginástica. Ela estava saltando, e o salto que ela
estava fazendo era incrível. Eu decidi adicionar um segundo salto.
Decidi completar os outros aparelhos e ver se ela conseguiria atingir o
time em alguma circunstância. Queríamos o time nacional antes de qualquer coisa. Nós não estávamos pensando em Campeonatos Mundiais ou Olimpíadas,
apenas avançando devagar. Ela treinou duro, cresceu rápido.”
Quando
olhamos para ela, não concluimos que ela seja tão forte nos aparelhos de
perna (solo e salto), porque sua construção física é delicada. Como ela consegue se
sobressair nesses aparelhos?
“Na verdade, ela é uma ginasta
muito forte. É como se ela tivesse um presente de Deus na sua força e
agilidade. E ela é uma atleta de verdade, é mesmo um presente de Deus.
Nao é todo mundo que tem essas qualidades.”
Qual é sua memória mais engraçada nesses anos de parceria com ela?
“Não
sei. Eu diria que não temos momentos engraçados porque ela é muito
séria com o que faz no ginásio. Eu não posso fazer piadas com ela. Posso
dizer algo engraçado e ela irá sorrir e voltar a ser séria com o
treinamento. E ela realmente quer estar aqui. É somente ela. Está
disposta a estar aqui e ser parte desse time.”
Como um todo, qual é o seu foco agora?
“Não
é apenas nesse ano. Estamos olhando para o próximo ano e ela poderá
se tornar uma atleta melhor e mais forte no individual geral.”
Mckayla parece capaz de executar um yurchenko com tripla pirueta. Você acha que chegaremos a ver isso em uma competição?
“Já tentamos a tripla no ginásio. Ela está bem próxima, mas não quero confiar
ainda. Não quero fazer nas Olimpíadas. Quero antes, talvez para o mundial.”
Texto de Marina Zagor, originalmente postado em http://www.gymnastike.org/blog/43251-Coaching-McKayla-Maroney . Tradução de Marina Aleixo, colaboradora do Gym Blog Brazil.
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