Decifrando o código de pontuação feminino – Os requisitos de composição das séries

O novo código de Pontuação
(2013-2016) foi lançado e chegou a hora de descobrir como tudo funciona. O Gym
Blog Brazil está aqui para te ajudar! Aqui está um guia de como os requisitos
de composição da série ajudam na construção da nota de dificuldade. Algumas pequenas alterações foram feitas no novo código
e iremos informá-lo dessas mudanças em breve! No entanto, este ainda é um bom
guia para ver como as coisas funcionam.

O sistema de pontuação
na ginástica é, certamente, complexo. Enquanto saltos têm notas de partidas
fixas – como 5.0 para um yurchenko com uma pirueta – as notas de dificuldade (D) para as barras assimétricas, trave e solo são, na verdade, compostas por três parâmetros. Apesar da nota D
parecer primeiramente impossível de se entender, ela se torna bem simples a
partir da separação e entendimento desses parâmetros. Vale lembrar que esse guia leva em
conta o código que está em vigor e não o novo código; algumas pequenas, porém
significativas, coisas foram mudadas:
1º) Valor de ligação: esses são os bônus – entre 1 ou 2 décimos – que a ginasta recebe por ligar um elemento ao outro. Fazer um elemento sozinho é mais fácil do que ligar dois ou mais elementos em sequência, por isso foi criado o valor de ligação. Quanto maior o valor dos elementos ligados, maior o valor de ligação (máximo 2 décimos).
2º) 8 elementos mais difíceis da série: entre os oito elementos mais difíceis, a saída deve ser incluída. Por isso é importante fazer uma saída com bom grau de dificuldade, que vai de A a G (ou de 0,1 a 0,7). Funciona da seguinte forma: os árbitros reconhecem os 8 elementos mais difíceis da série e somam as suas notas. Em competições internacionais, dado o alto grau de dificuldade das séries, exercícios A e B geralmente não são incluídos entre os 8 elementos. Relembre a construção das notas D e E, lendo o artigo mais antigo aqui.
3º) Requisitos de composição: a partir desses requisitos que a série é composta. Os requisistos são diferentes para cada aparelho e são 5 no total. Cada requisito tem valor de 0,5 pontos e, se a ginasta cumpre com todos os requisitos, ela tem 2,5 pontos.
Agora que já conhecemos os parâmetros da construção da nota D, irei explicar detalhadamenteos requisitos de composição de cada aparelho. Para cada explicação haverá um vídeo com uma série para que vocês acompanhem melhor o raciocínio.
BARRAS ASSIMÉTRICAS
Requisitos de composição
1º) A ginasta deve apresentar um troco (piruetas na parada de mãos) de 360º (um giro). Nota: o troco deve ter 360º! Trocos com mais de 360º não são validados como requisitos de composição. Trocos não têm vôos e são executados na barra.
2º) A ginasta deve apresentar duas pegadas de mãos diferentes (ex: palmar e invertida) e um elemento de giro próximo a barra sem vôo (ex: stalder).
3º) Elementos de vôo na mesma barra (largadas e retomadas). Ex: tkatchev.
4º) Uma troca de barras do barrote inferior para o barrote superior, e uma troca de barras do barrote superior para o barrote inferior. O exercício para a troca deve se encontrar no código de pontuação! Se a ginasta executar um exercício que não consta no código de pontuação, ela é penalizada.
5º) Uma saída do aparelho. A saída é contada como requisito da seguinte forma: se a saída for de valor A ou B, a ginasta não ganha o requisito de composição; se a saída for C, a ginasta ganha 3 décimos do requisito de composição; se a saída for D ou +, a ginasta ganha o total do requisito de composição, ou seja, 5 décimos.
Vídeo de exemplo – Beth Tweedle

1) Um troco de 360º – segundos 0:11 – 0:13

2) Duas pegadas diferentes – segundos 0:11 – 0:13 (invertida e cubital) e um exercício próximo a barra sem vôo – segundos 0:26 ao 0:29 (giro de sola à parada)



3) Um elemento de vôo na mesma barra – só entre os segundos 0:14 – 0:17 ela faz dois exercícios de vôo na mesma barra!


4) Troca de barras: do barrote inferior para o barrote superior – segundos 0:04 – 0:06; do barrote superior para o barrote inferior – segundos 0:22 – 0:24


5) Uma saída do aparelho: segundos 0:31 – 0:33. Ela faz uma saída de valor F, muito difícil, e cumpre mais um requisito de composição. Ela recebe 5 décimos, já que fez uma saída de valor mais alto que D!


TRAVE DE EQUILÍBRIO

Requisitos de composição

1) Uma ligação de dança de, pelo menos, 2 elementos diferentes, sendo que um deles deve ser um salto de afastamento ântero-posterior de pernas de 180º. A ginasta pode ligar esse salto com um giro, ou pode ligar dois saltos diferentes. Ex: split + wolf.

2) Um giro de pé de 360º ou mais.


3) Uma sequência acrobática com, no mínimo, dois elementos de vôo, sendo um deles um mortal. É permitido que se repita o elemento, ex: reversão sem mãos + reversão sem mãos. A sequência acrobática mais utilizada é o flic + layout.


4) Elementos acrobáticos em diferentes direções: movimentos para trás e para frente e/ou lado.


5) Uma
saída do aparelho. A saída é contada como requisito da seguinte forma:
se a saída for de valor A ou B, a ginasta não ganha o requisito de
composição; se a saída for C, a ginasta ganha 3 décimos do requisito de
composição; se a saída for D ou +, a ginasta ganha o total do requisito
de composição, ou seja, 5 décimos.

Vídeo de exemplo – Sarah Finnegan

1) Uma ligação de dança: segundos 0:29 – 0:32

2) Um giro de pé de 360º ou mais: segundos 0:11 – 0:15

3) Uma sequência acrobática com, no mínimo, dois elementos de vôo, sendo um deles um mortal: segundos 0:38 – 0:42


4) Elementos acrobáticos em diferentes direções: para trás, segundos 0:38 – 0:42; para frente e/ou lado, segundos 0:54 – 0:56


5) Saída do aparelho: segundos 0:21 – 0:26. Finnegan faz uma saída de valor E (duplo carpado) e cumpre mais um requisito de composição. Ela recebe 5 décimos, já que fez uma saída de valor mais alto que D!

SOLO

Requisitos de composição

1) Uma ligação de dança com, no mínimo, um salto de afastamento ântero-posterior de pernas de 180º. Deslocamentos são permitidos entre um salto e outro. Salto com aterrissagens em dois pés e giros não são permitidos, já que são considerados estacionários. O objetivo desse requisito é fazer com que a ginasta utilize um maior espaço do tablado.

2) Uma linha acrobática com dois mortais diferentes. Ex: flic sem mãos + flic + duplo mortal.


3) Mortais em diferentes direções: trás e frente e/ou lado.


4) Um duplo mortal e um mortal com, no mínimo, 360º de giro no eixo longitudinal. A ginasta pode cumprir esse requisito com um elemento só, como, por exemplo, o tsukahara (duplo mortal com uma pirueta).


5) Uma
saída do aparelho. A saída é contada como requisito da seguinte forma:
se a saída for de valor A ou B, a ginasta não ganha o requisito de
composição; se a saída for C, a ginasta ganha 3 décimos do requisito de
composição; se a saída for D ou +, a ginasta ganha o total do requisito
de composição, ou seja, 5 décimos. No caso do solo, a saída é a última linha acrobática da ginasta.



Vídeo de exemplo – Ksenia Afanasyeva




1) Uma ligação de dança: segundos 0:38 – 0:42


2) Uma linha acrobática com dois mortais diferentes: segundos 0:13 – 0:18


3) Mortais em diferentes direções: todos os mortais dessa série são para trás, exceto o segundo mortal da terceira passado, que é um mortal esticado com meia volta para frente, e cumpre o requisito. Segundos 0:49 – 0:52.


4) Um duplo mortal – segundos 0:06 – 0:09 – e um mortal com, no mínimo, 360º de giro no eixo longitudinal – segundos 0:15 – 0:17.


5) Saída do aparelho: segundos 0:27 – 0:30. Afanasyeva faz um duplo carpado, que vale D, e faz com que ela ganhe 0,5 desse requisito de composição.


IMPORTANTE

Se a ginasta falhar durante a execução dos requisitos de composição ela perderá o valor de 5 décimos por requisito não cumprido.

Artigo de Rachel MacGrath, originalmente postado em http://www.thecouchgymnast.com/?p=7134 . Traduzido por Isadora Córdova e Cedrick Willian.



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