Aberto Mexicano de Ginástica 2012
8 de outubro de 2012Campeonato Chileno 2012 – Feminino
9 de outubro de 2012
Durante o ultimo ciclo olímpico, nenhum movimento teve um fascínio tão forte
quanto o Amanar. Um salto extremamente difícil que vale 6,5 de nota de partida
(no CoP 2013-2016 esse salto foi rebaixado à 6,3 de nota de partida) e tem o
potencial de fazer uma grande diferença para qualquer equipe. Este é um salto da
família Yurchenko. O salto Yurchenko se inicia com a ginasta fazendo uma
rondada para o “trampolim” para, daí fazer um flic e apoiar as mãos na
mesa. A partir daí, no Amanar, a ginasta deve completar duas piruetas e meia,
durante o mortal esticado, até chegar ao chão. Para muitas ginastas, fazer só a dupla
pirueta já é um salto bem difícil de dominar. Adicionar mais meia pirueta é um feito bem mais difícil do que parece. Requer mais força (confira o post em que John Geddert discute esse salto com Jordyn Wieber), para que você tenha mais
tempo de vôo e possa completar a meia pirueta extra. Requer boa consciência
aérea. A ginasta aterrissa de frente, o que é uma chegada cega (“blind
landing”), ou seja, a ginasta não vê o chão antes de aterrissar.
Tatiana Nabieva e outro da Aliya Mustafina. Aliya também ganhou o ouro no individual
geral, com um ponto de diferença da segunda colocada, Jiang Yuyuan, impulsionada
pela sua grande vantagem no salto e também sua versatilidade como ginasta. No
ano seguinte, entretando, Aliya rompeu seu um ligamento do joelho competindo esse mesmo salto no
Campeonato Europeu – provando que apesar deste salto dar uma grande vantagem à
ginasta ele também é um elemento extremamente perigoso de competir.
ginastas treinam esse salto, e numa quantidade que vem crescendo rapidamente?
Claro, realizá-lo representa uma grande vantagem: 6,5 de nota de partida no ultimo ciclo olímpico era
0,7 pontos a mais do que o yurchenko com dupla pirueta (5,8 de nota D), isso quando competido corretamente. Será que treinar e
competir um salto que pode resultar em uma lesão séria realmente vale a pena?
Para a maioria das equipes a resposta é sim. Dê uma olhada na equipe dos EUA,
por exemplo. Jordyn Wieber e McKayla Maroney já estavam competindo esse salto
com 13 anos, em 2009. Compare isso com a “dona” do salto, Simona Amanar, que
competiu pela primeira vez este salto nos Jogos Olímpicos de 2000 como uma
mulher, aos 21 anos de idade.
incrível, para ela, competir um salto tão difícil, e ser a primeira mulher a
fazê-lo. Quando olhamos para trás, para a história da Simona no salto, não é uma
surpresa que ela tenha sido a primeira mulher a competir este salto: em 1996
ela foi campeã olímpica de salto, e em 1995 e 1997 ela foi campeã mundial neste
mesmo aparelho. Assim, era apenas uma questão de tempo para que ela chegasse a este nível.
Apesar de outras ginastas terem competido este salto com muito mais sucesso,
não podemos esquecer a bravura de Simona. Apesar de nunca ter vencido uma
final de salto usando o Amanar, sua compatriota, Monica Rosu, venceu a final
Olímpica de salto em 2004 apresentando um dos mais bem executados Amanar da história.
Ou seja: enquanto o risco da Simona não resultou em um ganho pessoal para ela,
significou um ouro Olímpico para a Romênia!
vão mencionar Cheng Fei e McKayla Maroney como sendo as que melhor apresentam
este salto. Cheng Fei dominou o salto por 3 anos e foi campeã mundial, neste
aparelho, em 2005, 2006 e 2007. O Amanar da McKayla é praticamente igual – a
campeã mundial de salto em 2011 maravilhou fãs, treinadores e árbitros de
ginástica com a absurda altura que chega depois de tocar a mesa, e com sua execução
que beira a perfeição.
competindo com este salto – como as campeãs americanas juvenis de 2012, Lexie Priessman (no individual geral e solo) e Simone Biles (salto). Outras americanas que competiram com
este salto foram Kyla Ross, Alexandra Raisman, e, é claro, a Campeã Olímpica
no Individual Geral de 2012, Gabrielle Douglas. A Rússia demonstrou um certo
desespero por ginastas que conseguissem competir o Amanar antes das Olimpíadas.
Das quatro principais equipes – EUA, Rússia, Romênia, e China – a única equipe
que não estava desesperada atrás de Amanares foi, ironicamente, a Romênia.
Enquanto Simona Amanar assumiu um risco enorme quando ela competiu este salto pela primeira vez em 2000, a Romênia não produziu uma ginasta com um Amanar neste ciclo olímpico. Apesar de existirem rumores de que Larisa Iordache e Sandra Izbasa (Campeã Olímpica de Salto de 2012) estavam treinando este salto,
nenhuma romena apresentou o salto nas Olimpíadas.
salto ter diminuído, não há dúvidas que as equipes continuarão a procurar
ginastas que consigam executar um Amanar. Essa determinação que as equipes
estão demonstrando para estar no pódio é devido a uma mistura de resultados. Nesse ciclo olímpicos nós assistimos McKayla Maroney apresentar incríveis Amanares,
um atrás do outro – incluindo seu salto perfeito na final olímpica por equipes. Mas também assistimos Aliya Mustafina sofrer uma lesão muito séria
apresentando o mesmo salto. Isto tende a continuar – esta tendência de arriscar
tudo para a glória – e deve vir com um custo elevado, mas é certo que veremos
algumas ginastas incríveis ao longo do caminho. Ainda assim, às vezes temos
que analisar se vale ou não o risco – é sempre 50% de chance de testemunharmos
uma lesão ou algo incrível. Este extraordinário, extremamente difícil e
arriscado salto não nos oferece nada, além disso.
Cheng Fei
Jade Barbosa
McKayla Maroney
Monica Rosu
Jordyn Wieber
Aliya Mustafina
Tatiana Nabieva
Artigo de Rachel MacGrath. Originalmente postado em http://www.thecouchgymnast.com/?p=7152. Tradução e colaboração de Isadora Córdova.