Campeonato Mineiro de Ginástica Artística 2011

Finalmente terminei de postar os vídeos do Campeonato Mineiro de Ginástica. Estive presente no campeonato esse ano e trouxe vídeos e meu parecer sobre o campeonato. Dei liberdade à todos os que acompanham o blog, e que pudessem acompanhar os campeonatos estaduais, para que me mandassem o parecer sobre o campeonato estadual do estado em que esteve presente, incluindo vídeos, fotos, etc. Um leitor já fez isso, e foi bem interessante. Sempre que eu puder eu farei isso também, e deixo claro mais uma vez que, se alguém tiver o interesse e puder fazer isso, será completamente bem-vindo.

O Campeonato Mineiro aconteceu no ginásio do Minas Tênis Clube, em setembro. A estrutura física do ginásio do Minas me fez acreditar que o clube possui um dos melhores ginásios do Brasil. O ginásio possui aparelhos importados e um bom fosso, além de ser climatizado. Por motivos pessoais, a presidente da Federação Mineira não esteve presente no campeonato. Apesar da idade já avançada, Therezinha Bonfim é muito dedicada e sempre está presente em todos os campeonatos. É uma das presidentes mais antigas da CBG, senão a mais. Achei o campeonato bem interessante, principalmente nas categorias de base. A ginástica de Minas é uma ginástica que será bem vista daqui a alguns anos. Ainda faltam investimento e parcerias, até mesmo da FMG com a CBG. Sediar grandes campeonatos seria interessante para colaborar com a expansão do interesse pelo esporte no estado e, consequentemente, aumentar o número de crianças praticantes e possíveis patrocinadores. Participaram do campeonato as entidades: Minas Tênis Clube, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), FUTEL e Projeto Caixa. Abaixo o meu parecer sobre cada um dos representados.

MINAS TÊNIS CLUBE

Feminino

Recentemente, o Minas Tênis deu um grande passo no sentido de melhorar a ginástica feminina do clube: contratou o ex-técnico da Academina Yashi, Alexandre Canton. Mais ou menos na época da chegada da seleção permanente, Alexandre deixou o Brasil e passou alguns anos nos EUA, trabalhando com a ginástica. Ao voltar, acertou contrato com o Minas e já faz mais ou menos um ano que está por lá. Ale fez parte da história de ginastas como: Marília Gomes, Stefani Salani e Milena Megumi. O Minas contratou, também, a técnica Cynthia Fernandes, que também é muito boa e já passou pelo Centro Olímpico de São Paulo. Infelizmente (e mundando um pouquinho o assunto), um pouco depois do campeonato, Cynthia sofreu uma grande perda: a mãe dela e o filho faleceram em um acidente de carro. Aproveito a oportunidade para solidarizar os meus sinceros votos de superação para uma dor que eu desconheço. Muita força e fé pra ela!

Apesar de contar com renovações na equipe técnica, o Minas ainda não possui um atleta expressivo no feminino. Penso que a intenção dos técnicos é trabalhar a base com as pequenas, para que daqui a alguns anos essas mesmas representem bem o clube. As atletas que tem idade juvenil/adulta pra competir, apresentam uma ginástica de boa, mas longe de suficiente para a elite. Abaixo, vídeos da melhor ginasta juvenil do Minas, Emily Andrade, que também foi campeã do campeonato.

Masculino

O Minas também investiu na ginástica artística masculina, contratando o famoso técnico cubano Antonio Gonzalo Perez Lameira. Entre outras coisas, Gonzalo já treinou a seleção brasileira de ginástica, e isso fala por si só. Ele é muito bom treinador, já tive aula com ele e sei que ele entende muito de ginástica. De acordo com o que vi no campeonato, tenho o mesmo parecer do feminino para o masculino do Minas: o investimento está nas categorias de base. O campeão infantil foi Bernardo Actos, que já foi medalhista em campeonatos brasileiros da categoria. Esse com certeza não dá pra esquecer! Se o trabalho com Bernardo continuar como está sendo feito, arrisco dizer que ele é um futuro componente da seleção brasileira. O ginasta possui uma linha impecável! É impossível não chamar a atenção de quem está no ginásio assistindo. Comprove!

O clube também competiu no juvenil. Competiram com dois ginastas, que foram os únicos da competição. Os ginastas são bons, mas ainda falta muito para o nível de elite. Confira!

UFMG

Feminino

Fiquei bastante impressionado com o trabalho desenvolvido pela UFMG. Impressionado com todas as letras. Pude assistir o treino dos atletas um dia antes do campeonato no ginásio da universiadade, e logo percebi que as condições de treino não são boas. O ginásio é apertado, a pista de salto é pequena (nem sei como as meninas conseguem saltar correndo tão pouco!), não possuem um tablado oficial e nem um fosso. Os aparelhos são bem razoáveis, e a cama elástica, por exemplo, estava estragada. Fiquei sabendo que o pessoal teve um projeto aprovado pelo governo no valor de 2 milhões de reais, o suficiente para dar um jeito em tudo isso. Mas, infelizmente, não conseguiram quem patrocinasse o projeto. Soube que das centenas de projetos aprovados no ano passado, uma média de 70 conseguiram patrocinadores, sendo que uma média de 25 conseguiram o valor integral do projeto. É uma pena as empresas não conheceram essa lei governamental, que dá o aval para as empresas utilizarem os valores dos impostos para financiamento dos projetos.

Independente das condições de treino, o que vi para todo lado foi muita perna esticada e uma preocupação constante com postura e encaixe corporal. E a consequência disso? Tkatchevs, jaegers, endos e trocos para todo lado! Isso porque a ginasta mais velha tinha, se não me engano, 12 anos, sendo que treinou ginástica apenas nos últimos 2. Vi treinos de sequências como: endo + endo com 1/2 volta + tkatchev, ou stalder + giro com troco + tkatchev, giro com meio troco + jaeger, trocas de barra, saídas em duplo…Pensei que as meninas ia “muer” no campeonato do dia seguinte, o que não aconteceu. As garotas ainda tem um psicológico um pouco abalado para competição. Não fizeram metade do que fizeram no treino que assisti, salvo algumas séries e exceções. O destaque ficou por conta de Yowska Yolanda (a multi medalhista da foto), campeã da categoria pré-infantil e prata na categoria infantil.

Yowska na paralela

Yowska no solo (coreografia bem expressiva)

A ginasta do vídeo abaixo foi uma das que teve a performance mais decepcionante. O nome dela é Beatriz e ela tem 12 anos. Vi ela treinando no dia anterior, facilmente, as largadas jaeger e tkatchev, além de outros exercícios em treino, como passagem de mortal esticado para a barra baixa, além da saída em duplo esticado. Na hora da competição a série foi muito ruim, como vocês mesmo vão verificar. A série foi bem simplificada pelo técnico, porque já no aquecimento ela estava “amarelando”. Se atentem ao que ela acertou e vejam a importância desse vídeo: mostrar que é possível ter exercícios difíceis em uma série de paralela, mesmo treinando num ginásio eom condições ruins!

Eu gostei demais das pequenininhas, as menorzinhas mesmo, as que tem muita água pra remar. Infelizmente não filmei nada, mas tem muitas fotos legais delas aqui. Confiram!

Olha a altura desse salto wolf!

Linha de pernas muito linda!

Pose inicial!

Fofinhas, não??? Adicionem o profile da Ginástica da UFMG no Facebook. Direto são postados vídeos de treino das ginastas e vocês podem conferir tudo que eu falei aqui. Aqui vai o link: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003209317301

Masculino

Os pequenos ginastas da UFMG também estão sendo bem cuidados. Ainda não existem ginastas na categoria juvenil e adulta, mas os pequenos estão sendo muito bem preparados para isso. O técnico é Francisco Azra, que já fez o curso nível 2 da FIG e está partindo para o 3º e último. Francisco tem uma dedicação notável pelos pequenos e está plantando um ótimo trabalho para futuramente colher ótimos frutos. Assista abaixo a série de solo do ginasta Mateus Camilo (o campeão pré-infantil multi medalhista da foto) e a série de barra de Gustavo Moreira (vice-campeão pré-infantil).

Mateus e Yowska, campeões pré-infantil. Mateus é, também, campeão brasileiro pré-infantil 2011.

Mateus na paralela

Um vídeo de treino do pequeno Mateus, postado recentemente!

PROJETO CAIXA

Masculino e feminino

Se a intenção da CBG com os Centros de Excelência da Caixa é garantir uma popularização do esporte, uma prática esportiva saudável, um maior número de praticantes da ginástica artística, uma boa socialização, uma possível detecção de talentos e, por fim, envio de ginastas aos grandes clubes, parabéns! O objetivo é completamente cumprido e realizado. Agora, se a intenção do projeto é realizar algo maior que isso, os objetivos estão bem longe e praticamente impossíveis de acontecer. Os aparelhos usados nesses centros são bem fraquinhos! Muito difícil aprender um exercício de alta dificuldade. Fiquei feliz e achei legal a participação do Projeto Caixa no campeonato, mas a performance dos atletas na competição não puderam ser nada mais além disso: uma participação.

O garotinho abaixo, nem um técnico homem tinha…Percebi que as técnicas treinam o feminino e o masculino.

Essa garotinha era a melhor da equipe…

FUTEL

E equipe da FUTEL contou com a participação de algumas ginastas no feminino e apenas um ginasta no masculino. Não possuo vídeos do ginasta em questão, mas posso dizer que o ginasta em nada atraiu minha atenção. A equipe da FUTEL apresenta uma ginástica intermediária e, como não percebi um trabalho de base bem feito nas pequenas, penso que é nesse nível que ela vai continuar por um bom tempo. Apesar de ser intermediária, as ginastas da categoria juvenil (as melhores do clube em questão) aprensentaram bons exercícios isolados, como a reversão sem mãos na trave, da ginasta Bruna Oliveira. A outra ginasta, Luisa Rodrigues, apresentou uma coreografia de solo bem expressiva.

Bruna na trave

ARBITRAGEM

Fiquei decepcionado com a foto em questão. Reparem na setinha preta. A juíza me pareceu relaxada demais para estar arbitrando um campeonato de ginástica. A atitude, para mim, foi um pouco desrespeitosa com as ginastas e com o campeonato em si. Não estou querendo julgar, mas quem vê um juiz arbitrando assim e consegue sentir total segurança e credibilidade? Ocorreram dois erros no campeonato por conta da arbitragem: foram dados 30 segundos de aquecimento na paralela feminina, ao invés de 50 e, aparentemente, o salto cadete com meia volta (???) da ginasta Emily Andrade na trave, foi considerado. Assistam ao vídeo, na parte do post em que falo do Minas Tênis, e confiram se vocês validariam o salto).

O Campeonato Mineiro de Ginástica Artística ocorreu de forma bastante tranquila. Estou no aguardo da edição do ano que vem. Quero continuar acompanhando essa ginástica de perto. Acho que os pequenos ginastas ainda podem crescer muito. E vão dar o que falar!

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