Brasil e o Olympic Draw

Como já sabemos, o Olympic Draw (uma espécie de sorteio das chaves), que determina as subdivisões para as classificatórias da ginástica artística, foi realizado no último dia 25 em Lausanne, na sede da FIG.

A partir daí, iniciam-se as especulações sobre os mais e os menos favorecidos. Para os que não estão familiarizados com o conceito, expliquemos. Tradicionalmente, na ginástica, as notas tendem a subir seguindo a ordem de apresentação, tanto das equipes quanto dos aparelhos. Portanto, os primeiros a se apresentarem, (equipe ou ginasta por aparelho) em geral recebem notas mais baixas, já que os juízes seguram um pouco as notas para as apresentações seguintes.

É como se existisse um tipo de acordo implícito entre juízes e equipes. Um entendimento mútuo sobre como funciona o sistema que foi “criado” na época do “Perfect 10”. Na época, um juiz dar uma nota 10 para a primeira ginasta deixava a competição sem grandes emoções, já que ninguém mais poderia ultrapassar a nota, apenas igualar. Além disso, a idéia de “segurar as notas” (especialmente a nota 10) significava que os juízes não acreditavam que a primeira série apresentada seria melhor que as próximas 200. O artigo do The Couch Gymnast intitulado Your Honour, sobre o papel do juiz na ginástica, relata um pouco desses paradoxos.

Curiosamente, ao fazer um recap de como o Brasil se saiu nas últimas competições olímpicas, de acordo com seu olympic draw, descobri que o Brasil foi sortudo em todas até aqui. Tanto em Atenas/2004 como em Beijing/2008 (e até no Evento Teste em Janeiro/2012), o Brasil competiu na 4ª e última subdivisão. Mais do que isso, o Brasil vai bem na rotação solo-salto-paralela-trave.

Em 2004, o Brasil iniciou na trave e terminou no solo. Essa ordem de rotação poderia ter sido um fator para a não classificação da equipe para a final olímpica? Bem, o fato é que fomos ultrapassados pela Austrália por menos de 0,1! Em Beijing, porém, o Brasil iniciou no Solo e terminou na trave (onde tivemos quedas), mas tínhamos uma equipe com grande nível de dificuldade nos demais aparelhos, o que nos garantiu a histórica final olímpica por equipes. No Evento Teste também terminamos na trave e também tivemos quedas, mas o saldo foi positivo no final, já que garantimos a terceira participação da ginástica feminina com uma equipe completa.

Em Londres/2012 estaremos na 1a subdivisão pela primeira vez, o que pode ser algo desfavorável. Entretanto, estaremos seguindo a rotação nos aparelhos que é historicamente favorável ao Brasil. Conseguirá o Brasil fazer história novamente indo á sua 2ª final olímpica por equipes? Seremos vítimas do tradicionalismo do sistema? Dia 29 de Julho, às 9:30 da manhã, em Londres, saberemos a resposta.

Postagens Recentes

  • ginástica

UPAG PAGU define calendário da ginástica pan-americana para 2025

Agenda começa em maio com a ginástica de trampolim e encerra em novembro com a…

  • Notícias

Obrigado Zanetti! Ídolo do esporte brasileiro encerra carreira

Com duas medalhas olímpicas no peito, ginasta escolhe se aposentar aos 34 anos Crédito: Um…