Blogueiro José da Cruz faz análise política da reclamação de Diego Hypólito

Abaixo o texto completo de José da Cruz.

“Conversando pela internet, o ginasta Diego Hypólito, irônico, desabafou:

“Parabéns à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) por, em um ano antes das Olimpíadas, não fazer contrato com os principais atletas.”

A notícia foi divulgada nesta quarta-feira pela repórter Ana Cláudia Felizola, do Correio Braziliense.
“Minha maior chateação é com a questão contratual da Confederação com os atletas”, afirma. “Recebo do meu clube e de meus patrocinadores, mas o que eu mais faço é competir pela Seleção e não recebo nada para isso”, argumenta.

Análise

Não é a primeira vez que um atleta olímpico reclama das relações com sua confederação. Jade Barbosa teve problemas com a CBG, inclusive para realizar uma cirurgia na mão.

Mas o caso que ganhou maior destaque foi com Cesar Cielo, que retornou com ouro da Olimpíada de Pequim e criticou a “falta de apoio” (leia-se dinheiro) da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Depois de uma conversa de Coaracy Nunes com o campeão, Cielo silenciou, sorriu e mudou o discurso. Foi o “valorizado milagre do diálogo”.

A questão é a seguinte:

Esses episódios demonstram como ainda somos amadores nas relações entre atletas, clubes, federações, confederações e patrocinadores.

Assim como Cielo, Diego tem um clube, o Flamengo, que lhe paga. E também recebe do patrocinador. O próprio ginasta afirmou isso.

Mas como se dá a relação quando um atleta é convocado para a Seleção Brasileira? E se o patrocinador for diferente do clube de origem, como é recompensado o atleta pela exibição da marca que é obrigado a vestir? Imagino que seja esta a questão de Diego.

As situações variam entre as confederações e este não é um assunto aberto. Afinal, qualquer revelação sobre grana alertaria os fiscais da Receita Federal. E também não é assunto de mercado quanto ganha um judoca, um velocista do atletismo, um nadador de maratonas aquáticas, um ginasta, um jogador de vôlei e por aí afora.

Origem do dinheiro

Porém, em todos os casos, os atletas são remunerados com verba pública, isto é, saída dos cofres do governo federal, pois a economia do esporte é altamente estatizada.

A Confederação de Ginástica, por exemplo, tem R$ 18,5 milhões disponíveis este ano: R$ 8 milhões de patrocínio da Caixa, R$3,3 milhões das Loterias Federais e R$ 7,2 milhões do Ministério do Esporte.

Com este episódio, mais uma vez se evidencia a fartura dos recursos para o esporte de rendimento e as suspeitas relações trabalhistas com seus atletas.

E quem fiscaliza isso? O Ministério do Trabalho? O do Esporte? O Comitê Olímpico? O patrocinador? O Conselho de Atletas do COB? O Tribunal de Contas?

Aliás, está aí um bom assunto para uma auditoria do TCU, sobre a gestão dos recursos públicos do esporte. São várias as fontes – da Lei de Incentivo, inclusive – mas as reclamações se sucedem. Veladas, na maioria, mas no trombone, como fez Cielo e, agora Hypólito são raras.

E se mais não ocorre é por medo de represálias – reais –, bem maior que a indignação de muitos.”

Eu, particularmente, não sabia que entrava tanto dinheiro…

Fonte: blogdocruz.blog.uol.com.br

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