Mais uma vez a Rússia leva o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude. Repetindo o feito de Viktoria Komova nos Jogos de 2010, a russa Seda Tutkhlayan foi ouro no individual geral, mesmo com uma queda na última acrobacia da sua última apresentação. Flávia Saraiva, sem nenhum erro grande, terminou a competição na segunda colocação, enquanto a britânica Ellie Downie, também com uma queda, terminou em 3º lugar.
Seda Tutkhalyan aparenta ser uma ginasta forte e de grande futuro. A ginasta apresenta uma linha bem diferente da tradicional ginástica russa, mas isso pode ser algo positivo. A musculatura e corpo da ginasta, mesmo juvenil, aparenta ser bem forte, dando a impressão de que ela aguente grandes cargas acrobáticas e de treinamento. Infelizmente, no geral as russas são um pouco fracas e acabam se lesionando com uma certa facilidade. Seda pode sair desse caminho de lesões e ter uma vida mais longa na ginástica internacional, graças a essa particularidade física que a ginasta possui. Apesar de ser mais forte, Seda não nega as tradições técnicas russas: seu melhor aparelho é a paralela, onde já apresenta nota de partida 5.8. Com certeza sua apresentação na paralela foi a grande responsável pelo ouro na competição!
Flávia Saraiva fez o seu trabalho, que era ser o mais perfeita possível em todas as suas séries. O que intrigou nas apresentações de Flávia foram as notas de dificuldade rebaixadas. Na paralela, a nota D provavelmente seria de 5.1, mas acabou sendo 4.9. Na trave, a nota D seria 5.7 mas foi 5.4. No solo, 5.5 virou um 5.3. As notas de execução também foram muito rígidas, e isso nas apresentações de todas ginastas. Pareceu que os juízes, que também tem um limite de idade correto para arbitrar os Jogos, estavam querendo “mostrar serviço” onde ás vezes não tinha. Pareceu também uma política de não-estímulo à performances difíceis em idade juvenil, desvalorizando elementos de alto grau de dificuldade com intuito de que os treinadores não “forcem” a ginasta de alguma forma. Indagações são feitas porque, com certeza, que algo aconteceu. Que fique claro: nenhum exercício das séries de Flávia eram incoerentes ao potencial e aptidão técnica que a ginasta possui.
Ellie Downie é uma ginasta muito forte. Com certeza será uma ginasta essencialmente garantida na equipe adulta da Grã-Bretanha do ano que vem. Ela apresenta um dos melhores yurchenkos com dupla pirueta da atualidade, uma série de paralela bem difícil e atual, uma trave consistente e com exercícios de alto grau de dificuldade assim como no solo. O que Downie precisa fazer é polir todas as séries. Limpar o máximo possível, melhorar a artisticidade e execução. As chances de Downie conseguir melhorar os resultados pessoais aumentam consideravelmente se esse trabalho for feito.
A chinesa Yan Wang aparesenta muito potencial. Com características parecidas com a da inesquecível Cheng Fei, Wang é muito boa no salto, solo e trave, sendo a paralela seu aparelho mais fraco. Wang apresenta dois saltos com condições reais de colocá-la entre as finalistas no Mundial do ano que vem. A inconsistência na competição fez com a chinesa saísse dessa final sem uma medalha, apesar de ter totais condições para que isso tivesse acontecido.
Sae Miyakawa, do Japão, também tem grandes chances de já integrar a equipe adulta no próximo ano. Ela apresenta solo e paralelas promissores e com possibilidades de evolução. Pode conseguir resultados expressivos na categoria adulta, principalmente no solo.
Iosra Abdelaziz não conseguiu a acompanhar o sucesso da italiana Carlotta Ferlito, que foi medalha de bronze nessa final em 2010. Apesar disso, Iosra apresentou uma das séries de paralela mais interessantes da competição. A romena Laura Jurca deve entrar no mesmo processo de melhorias das concorrentes Ellie Downie e Yan Wang: Jurca precisa de mais acertos mais consistentes e limpeza de movimentos. As demais ginastas que participaram da competição ainda não são vistas como grandes destaques para os próximos anos, devendo trabalhar muito para conseguirem algum destaque internacional entre as ginastas da categoria adulta no ano que vem.