COB apresenta nesta sexta novo treinador da seleção feminina de ginástica
11 de julho de 2013Primeiro estágio de treinamento com Alexandrov
13 de julho de 2013Agora é oficial: Alexander Alexandrov foi apresentado pelo COB como o novo treinador chefe da seleção brasileira de ginástica artística feminina. O que muda a partir de agora? Alexandrov, assim como Oleg Ostapenko, figura entre os melhores treinadores do Mundo. Recentemente, Carly Patterson e Aliya Mustafina são grandes nomes que passaram pelas mãos dele. Entretanto, nem tudo são flores.
Sim, eu concordo que o Brasil tem muito a ganhar com a chegada de Alexandrov aqui. Mas, o contrato inicial só vai até 2016, encerramento do ciclo olímpico. Como as coisas funcionariam para que todo esse conhecimento e estadia de Alexandrov em nosso país fosse aproveitado o máximo possível?
Como no momento não temos um Centro de Treinamento oficial como tínhamos no Rio de Janeiro, acredito que Alexandrov ficará na cidade de Três Rios, onde está concentrada metade da seleção brasileira atual. Ginastas do Flamengo, da ONG Qualivida e seus respectivos treinadores, serão beneficiados com os conhecimentos russos. Treinadores e ginastas do CEGIN também estão muito bem servidos com Oleg Ostapenko. Mas, e os outros clubes do Brasil, que também possuem potencial ginástico, como ficam nessa história?
A ideia dos “camps” de treinamento é ótima, de verdade. Mas o que faz uma ginasta boa, fora o talento, é treinamento do dia-a-dia. Não há como negar que ginastas em contato diário com Alexandrov evoluirão mais que as outras. Alexandrov é um treinador muito inteligente e atualizado. Sabe jogar com o código de pontuação – montando excelentes séries – e foi bem-sucedido na função de reerguer a ginástica russa. Dizendo isso não estou desmerecendo o trabalho que o Brasil fez na era pós-Oleg, mas entendo que a situação por aqui ficou difícil depois que ele foi embora, situação que começou a se normalizar esse ano quando começamos a ver ginástica nova e juvenil no país. Essa é a hora de analisar os erros cometidos na última contratação e se preparar para mais acertos!
Ótimas intenções do COB nessa contratação, mas fica uma chateação em pensar que desde 2009 o Brasil foi eleito sede dos Jogos de 2016, e só agora se atentaram ao fato de que a ginástica do Brasil precisa de ajuda. Perdemos 4 anos de 2009 pra cá! Se um planejamento bom não for feito, a dor de cabeça vai passar, mas em 2017 a enxaqueca vem ainda mais forte. Uma contratação com duração de 4 anos, exatamente 4 anos antes das Olimpíadas, nada mais é que uma aspirina pra dor de cabeça.
Até onde se sabe, as portas de Três Rios estão abertas para os treinadores interessados em levar suas equipes para treinarem. Com isso percebemos que o conhecimento está disponível aos interessados, o que é ótimo. Mas quanto custa para um clube manter seus treinadores e ginastas em uma outra cidade? Realmente vale a pena? É interessante tirar os espelhos do clube? E as pequenas que ficam no clube treinando a base, qual referência teriam? Os gastos de um treinador com 5 ginastas em Três Rios fica em torno de 9 mil reais. Quantos clubes e prefeituras estão dispostos a investir isso por mês em algo incerto?
A felicidade em ter um treinador tão bom chefiando a seleção é igualmente proporcional á preocupação em não tê-lo depois. Deve-se pensar em soluções e preparar todos para qualquer situação vindoura. Essa deve ser a mudança!