E todos pensaram que as coisas seriam bem diferentes…

Em 2009, uma grande notícia chegou aos ouvidos de todos atletas, treinadores e profissionais de Educação Física do Brasil: ganhamos o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Quanta euforia! Mente o profissional que disser que não viu um futuro melhor para o esporte brasileiro. Mente quem disser que não sonhou com um Brasil brigando por medalhas com grandes potências. Mente quem disser que não se emocionou com a notícia, e achou que, de alguma forma, seria beneficiado e reconhecido pelo que faz pelo esporte.

O que realmente mudou depois disso? Até agora, principalmente na ginástica que é o esporte que eu mais amo, acompanho e trabalho, pouquíssima coisa mudou. Na verdade, piorou. O que eu vi, principalmente depois de 2012, foi: uma medalha olímpica praticamente sem valor; atletas de seleção sem clubes; o Flamengo fechando as portas da ginástica; o clube CEGIN em crise, também ameaçando fechar as portas; um Centro de Treinamento sendo demolido; atletas treinando em aparelhos velhos e ameaçando defender outras seleções. bolsa atleta em atraso… Isso foi o que caiu na mídia. Isso foi o que aconteceu com grandes clubes e atletas importantes. Agora imagina como está a situação dos atletas de base? Recentemente, um treinador de base foi despedido depois de 11 meses sem salário…

A situação ainda envolve quem trabalha com o esporte como um todo. Seja jornalista, radialista, blogueiro… Todo o esporte que sai da esfera futebol, uma hora está propenso a passar por dificuldades. E isso aconteceu recentemente, bem próximo a mim.

Para quem não sabe, além do blog eu tinha uma coluna semanal em uma rádio. A rádio é de uma empresa patrocinadora dos Jogos do Rio. O programa se chamava “Brasil no Rio”, idealizado pelo amigo Guilherme Costa. Depois da minha última coluna, que teve a participação de Daiane dos Santos, recebi um e-mail do Guilherme dizendo que o programa foi cancelado, mesmo tendo uma boa audiência.

“Amigos colunistas, tudo bom? Infelizmente a partir de segunda-feira não teremos mais Brasil no Rio. A Rádio se reformulou totalmente, vai ter 18hs de música e 6hs de programação. Nessas 6hs, apenas programas sobre futebol. Foi bom enquanto durou! Quase um ano de programa. Muito obrigado por tudo, pelas colunas, pelas informações! Foi uma experiência muito bacana, aprendi muito com vocês! Parabéns pelo trabalho de todos.”

Não vou me aprofundar sobre a discussão sem fim sobre a supervalorização do futebol. As coisas sempre foram assim, e nunca vão mudar. É cultural. Mas fico decepcionado em pensar que o salário e patrocínio de um grande jogador de futebol poderia sustentar um clube de ginástica!

Tudo poderia ser melhor dividido, mas ninguém se preocupa com isso. O que todo mundo quer é saber dos resultados. Quando passa a euforia da Copa do Mundo de Futebol, as pessoas começam a se lembrar que existem outros atletas defendendo o Brasil em outros esportes. E querem medalhas! Aí aparecem várias pessoas me enchendo a cabeça, e perguntam: “Por que o Diego Hypólito não ganhou medalha no Mundial???”. Até eu conseguir explicar que o Brasil nem tinha um tablado no novo formato para treino, a pessoal já se desinteressou (“Ah, esse Diego sempre erra!”) e está procurando o último resultado do São Paulo na atual rodada do Brasileirão.

Fato é que fiquei muito chateado com o fim da coluna, que eu fazia unicamente por amor á ginástica e por respeito á confiança do Guilherme. Vale lembrar que eu não recebia um centavo para expôr meus conhecimentos todas as semanas para os ouvintes. Com a chateação, acabei por desabafar um pouco nas redes sociais e recebi uma mensagem que me pediu uma resposta. O pedido foi inspiração para esse post, minha resposta a tudo o que aconteceu.

Estou entre os profissionais que não mentem. E assumo: sim, eu achei que as coisas seriam diferentes. Sim, eu achei que eu seria beneficiado e reconhecido de alguma forma. Até agora não aconteceu nada, fora a admiração das pessoas que me leem, e dos amigos que me ajudam.

Tenho um blog que é referência em ginástica artística e conhecido no Brasil inteiro. Estou quase batendo a marca de dois milhões de visualizações. Pode não ser grande se comparado a um blog de moda, mas para um blog que trata apenas de um esporte específico, é muita coisa. Se eu escrevesse sobre futebol, acredito que várias oportunidades teriam aparecido…